28 de nov. de 2007

É melhor prevenir que remediar...


NA SEMANA PASSADA, todos os holofotes e microfones da imprensa se voltaram para a pequena cidade de Abaetetuba (próximo à Belém do Pará), onde uma menina de 15 anos de idade passou uma 'temporada' na cadeia, dividindo a mesma cela com mais 20 homens. Lá, sofreu os mais variados tipos de abuso, e, pela situação surreal - tamanho absurdo - em que se encontrava, não ofereceu muita resistência, já que precisava ao menos se alimentar (era obrigada a pagar pedágio para ter suas refeições).

O mais grave no episódio, que ganhou repercussão internacional, é que a estadia da garota na malfadada cela era de conhecimento de carcereiros, delegados e até da juíza local, que nada fez de efetivo para tirá-la de lá. Depois que virou capa de jornal e nota de abertura de telejornal, a coisa mudou de cara: o superintendente da polícia local, dois delegados e três carcereiros foram afastados de seus cargos, e foi aberto inquérito na Corregedoria da Polícia Civil do Pará.

O estado paraense, no entanto, não é o único a vivenciar esse problema. Um relatório produzido por entidades brasileiras no começo de 2007 atestou que Rio Grande do Norte, Pernambuco, Mato Grosso e Rio de Janeiro têm cadeias mistas repletas de incidentes dessa natureza. Há também os presídios povoados só por mulheres, onde carcereiros e delegados abusam sexualmente das presidiárias, chegando inclusive a engravidá-las. Na Bahia, são comuns os casos de mulheres que dividem a cela com adolescentes homens e travestis, devido à falta de estrutura local.

Isso tudo me fez lembrar a tragédia recente no estádio da Fonte Nova, em Salvador. As autoridades sabiam das péssimas condições do estádio, e ainda assim ele era usado para abrigar os jogos do time do Bahia. Semana sim, semana não, quase 40 mil torcedores lotavam o estádio, sem ao menos desconfiar que a comemoração do gol de seu time poderia se tornar uma queda arquibancada abaixo. O que fez o governo, depois que o assunto virou favas contadas? BUUUUM! Mandou implodir a Fonte Nova. Santo remédio.

Voltamos para o caso de Abaetetuba. Novamente, todos sabiam o que se passava, e nada fizeram para impedir a atrocidade que estava ali, aos olhos de quem quisesse ver. Foi preciso o crime reverberar para o mundo inteiro para que uma medida fosse tomada: além de afastar os envolvidos no episódio da menina, a governadora paraense, Ana Júlia, mandou fazer uma varredura por todas as prisões do estado, à caça de possíveis 'erros' do sistema carcerário - assumindo seu compromisso de 'governadora, mãe e mulher', como escreveu em artigo para o jornal Folha de S.Paulo. Ao que parece, os outros estados denunciados vão seguir o exemplo de Ana Júlia e enfim tomar uma providência. É a velha mania das autoridades brasileiras de inverter o ditado-título desse post.



2 comentários:

Anônimo disse...

ÊÊÊÊ lasquera no pe da goiaberaaa!!!
As autoridades do Brasil, Vic???
Desde quando podemos esperar algo delas?!?
Mt bom texto, nega!!!!

Anônimo disse...

Vou dar uma de Bóros Casoy:
ISTO
É
UMA
VERGONHA.

Related Posts with Thumbnails