27 de nov. de 2007

Temos MESMO condições de sediar uma Copa?

Arquibancada do estádio da Fonte Nova, Salvador/Globoesporte.com


31 DE OUTUBRO DE 2007, manchete dos principais jornais do país: 'Copa do Mundo de 2014 será no Brasil'. Lula, Joseph Blatter (FIFA), Ricardo Teixeira (CBF), Dunga, Romário e Paulo Coelho (???) posam para a foto, com uma réplica da taça nas mãos. O clima é de euforia e orgulho dos brasileiros presentes: "Vai ser um Mundial pra argentino nenhum botar defeito", brinca Lula. "Já vi discussões de 5 horas sobre um jogo e nunca vi ninguém discutir 5 horas sobre uma relação sexual", filosofa Coelho, numa tentativa estapafúrdia de justificar sua presença no evento.

25 dias depois de muitas especulações para saber quais estados e estádios abrigarão os jogos, nova manchete na 1ª página dos jornais coloca a comitiva brasileira e o mundo em alerta: 'Arquibancada cai e mata sete na Bahia'. O acidente, que deixou outras 30 pessoas gravemente feridas (caíram de uma altura de 20 metros), além de uma catástrofe, é um aviso: nossos estádios têm realmente condições de abrigar jogos de uma Copa do Mundo? Ao que surge, quase que naturalmente, a próxima: o Brasil está (estará) pronto para sediar o maior evento mundial em 2014?

Apesar de serem duas questões intrínsecas, vou respondê-las separadamente. A primeira: não. Se nossos estádios, salvo o Morumbi (SP), o Engenhão (RJ) e a Arena Kyocera (PR), estão em condições precárias para abrigar os jogos do Brasileirão, que dirá os de uma Copa do Mundo. As arquibancadas estão caindo aos pedaços, os serviços (de som, comida, bebidas, estacionamento)são precários - quando não inexistentes - os banheiros são um nojo e o acesso via automóvel é quase impossível. 'Mas os governos injetariam uma quantia exorbitante para maquiar os palcos selecionados', podem dizer. Com que dinheiro? Da educação? Da saúde? Dos transportes? No fim das contas, você sabe quem vai pagar pelo serviço.

Com relação ao Brasil ser o país-sede da Copa, tenho minhas restrições, e não são poucas. Primeiro, que se trata de manobra de Ricardo Teixeira, homem forte do futebol do Brasil, o grande responsável pela paixão perdida pela seleção e que ainda terá um post em sua homenagem, para apresentá-lo àqueles que o conhecem só de nome. Segundo, que os bilhões que serão investidos na reforma das arquibancadas, no reforço policial, no traslado dos gringos e nas festas pomposas, deveriam ser usados justamente para educação e combate ao crime e à violência, que fez aproximadamente 25 mil vítimas só neste ano, número que daria para encher a maioria de nossos estádios.

É importante também ressaltar, como destacou a jornalista da Folha de S.Paulo, Soninha, a cara da torcida que assistiria aos jogos ao vivo, prévia vista na partida Brasil x Uruguai. Convidados, artistas, VIP's e uma minoria 'que está louca para se apaixonar pela seleção de novo', como disse o folclórico locutor Galvão Bueno. E que tem condições de pagar, por baixo, 100 reais (ingresso + lanche + estacionamento) para prestigiar jogadores que, se já não têm cidadania européia, trocariam o clube que os consagraram e a torcida apaixonada por um bom punhado de euros. Sem pensar duas vezes.



3 comentários:

Anônimo disse...

Eu queria uma Copa aqui, iria em TOODOS os jogos!!!!

Anônimo disse...

Tô contigo e não abro, meu chapa. Copa aqui NÃO tem condições.

Anônimo disse...

Por um lado é bom. Vários turistas vão desembarcar por aqui, trazendo seus euros e sua curiosidade de explorar o territorio brasileiro (turismo).

Por outro, tem tudo que vc falou, além da chance imensa de acontecer uma catastrofe no momento que TODOS os holofotes estarão voltados pra cá. É esperar para conferir!

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