29 de nov. de 2008

EM CARTAZ: Vicky Cristina Barcelona

ENTRE ELFOS, ORCS, tiros e explosões, nada como duas horinhas de Woody Allen para lembrar que um bom filme começa com um bom roteiro. Vá lá, um bom diretor de fotografia e locações bem escolhidas dão sua contribuição. E para flambar a banana dourada, um elenco afiado e sem medo de diálogos desprovidos de máscaras e pudor.

O bom e velho lobo definitivamente está de volta - e o melhor, a um ritmo de uma pérola por ano. Depois de Match Point, Scoop e O Sonho de Cassandra, o diretor mais autêntico de HollyWoody retorna com a dose certa de charme, graça e sensualidade.


VICKY CRISTINA BARCELONA (2008)
Comédia/Drama, 96 minutos.

Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Com: Javier Bardem, Scarlett Johansson, Rebecca Hall e Penélope Cruz

Sinopse: de férias em Barcelona, as amigas Vicky (Rebecca) e Cristina (Scarlett) colocam à prova sua forma diametralmente oposta de encarar o amor quando conhecem Juan Antonio (Bardem), um charmoso pintor que procura novas aventuras para esquecer de vez sua excêntrica ex-mulher (Penélope). Atraídas pelo pintor e pelas belezas da Espanha, as duas passam a questionar seus valores e sentimentos, e acabam encontrando - através do ciúme e do prazer - um novo sentido para suas vidas.

♠ Bastidores:
*Woody Allen escreveu os personagens Juan Antonio e Cristina tendo os atores Javier Bardem e Scarlett Johansson em mente para interpretá-los;
*Este é o 3º filme em que o diretor Woody Allen e a atriz Scarlett Johansson trabalham juntos. Os anteriores foram Match Point (2005) e Scoop (2006);
*A prefeitura de Barcelona ofereceu-se a cobrir os custos da produção caso o filme fosse rodado na cidade;
*O orçamento de 'Vicky Cristina Barcelona' foi de US$ 15,5 milhões;
* Entre pesadas críticas e elogios rasgados, o filme é hoje a 2ª maior bilheteria nacional.

Por que assistir: Se você gosta de diálogos bem construídos, sorrisos espontâneos e de ter aquela sensação de que poderia perfeitamente estar no papel de um dos personagens do filme -tamanha a semelhança com a realidade - VCB é uma ótima pedida. Leve, sensual, com uma trilha sonora saborosa (composta pelo melhor dos violões catalões) e com atuações marcantes do quarteto central (Bardem está encantador na pele do pintor galanteador, e Penélope Cruz surpreendentemente adorável no papel da ex-mulher paranóica), o filme traz um pouquinho de cada ingrediente do caldeirão mágico do velho cineasta.

Velho, diga-se de passagem, apenas no RG - atrás das câmeras Woody Allen continua um garotinho faceiro, questionador e sagaz.

Avaliação: @@@@ FILMAÇO!

Trailer:




♠ Informações retiradas do site AdoroCinema





28 de nov. de 2008

Berduega, o popular

BERDUEGA ERA DAQUELES sujeitos realmente populares. Seu jeito único de ser cativava a todos que conhecia, seja qual fosse sua posição social, sexo, cor e credo. O danado era tão famoso, mas tão famoso, que valia até aposta.

- Cara, o Berduega é o cara mais conhecido do mundo! Qualquer pessoa conhece o Berduega.
- Bah, conta outra.
- Duvida? Quer apostar?
- O que você quiser.
- Então escolhe aí alguém famoso, eu vou buscar o Berduega e você comprova com seus próprios olhos.
- Feito. Que tal o prefeito Gilberto Kassab?


E lá foram os três para o gabinete do prefeito.

- Boa tarde, podemos entrar? Avisa o prefeito que é da parte do senhor Berduega.

Dois minutos depois, o prefeito os recebe em sua sala de braços abertos e sorriso no rosto:
- Berdueeeeeeega, meu amigo! Como vão as coisas???

Findada uma longa e amistosa conversa, o amigo fez sua segunda escolha.
- Bláá, essa foi fácil. Quero ver se esse Berduega conhece o presidente!

Depois de uma confortável viagem até Brasília, os três foram direto à Granja do Torto, onde o presidente batia sua bolinha dominical com a cúpula do churrascão. Ao avistar seu amigo de longa data, Luís Inácio abandonou a área e veio correndo, peludo e suadão:

- Companheiro Berduega, que alegria você por aqui! Pega um colete e vamos bater uma bolinha, que daqui a pouco sai uma costelinha como nunca antes da história desse país você viu, rapaz!!

Com o palito nos dentes e cara de satisfeito, o amigo virou para o desconfiado:
- E agora, qual é o próximo?
- Quero ver se esse 171 aí conhece o Obama. Rá! Du-vi-de-o-dó!

Berduega deu um sorriso de canto, piscou para o amigo e, 24 horas depois, estavam os 3 frente a frente com a Casa Branca, onde o futuro presidente comandava a nova decoração dos aposentos. Tocaram o interphone para falar com o segurança.

- Good morning, buddy! We are here to talk with the president Obama. Can you tell him Berduega’s here to give a hug?
- Just a sec, please?

Minutos depois, Barack Obama abriu a porta pessoalmente, cumprimentou Berduega com um toque de escoteiro-rapper e disse, extasiado:

- Oh, Berduega, my friend! Long time, ahn? Come in, take your friends and let’s drink a Starbucks to remember our good times!

Depois de se despedirem calorosamente prometendo voltar para a posse do novo chefe da White House, o amigo se divertiu com a cara de surpreso do desconfiado e perguntou:

- E agora, satisfeito?
- Quase. Tenho um último teste: quero ver se o nosso Grande Berduega conhece o Papa.
- Hmmm... Se te provar que ele conhece, finalizamos a aposta?
- Pode apostar!

Após um saboroso almoço em uma requintada cantina do Vaticano, o trio se deparou com uma procissão monumental. Em cima da passarela, de cajado na mão e aquele chapéu indefectível na cabeça, o Papa abria caminho junto aos fiéis.

- Seguinte: Berduega falou que vai até lá em cima falar com o Papa. Pela intimidade dos dois, você vai perceber que são velhos conhecidos. A gente espera aqui embaixo, ok?
- Tá. Essa eu quero ver!

E lá foi Berduega adentrando a multidão rumo ao encontro papal.

Com a visão obstruída pelos fiéis, o desconfiado perdeu o Papa de vista. Começou a pescoçar entre a multidão e, como não encontrava Vossa Santidade, perguntou ao menino do seu lado.

- Garotinho, sabe me dizer se aquele ali no canto é o Papa?
- Sei não, moço. Mas aquele ali no meio dando tchau pra todo mundo é o Berduega!





25 de nov. de 2008

Por obséquio...

SERÁ QUE A PEQUENA notável Mallu Magalhães está preparada para conhecer as corcovas cabeludas de seu Camelo?


Mallu e Camelo assumem o romance/globo.com





A sorte está lançada.




24 de nov. de 2008

Prato do Dia





Chef: Lense





The ula-ula Songs

NÃO ADIANTA FINGIR, negar ou camuflar com um sorrisinho posado. Se você vive em uma megalópole como São Paulo, Rio de Janeiro, Tóquio ou Nova Piri-Pirí, seu nível de stress provavelmente não mora com as topeiras, texugos e tatus. O vuco-vuco do dia-a-dia exige um preparo físico e mental de monges halterofilistas, e ao final de um ano a sensação que temos é que curtimos no máximo 1 mês, e envelhecemos 30.

Por isso, proponho a você merecidas férias. 30 dias no Havaí curtindo a brisa do mar, os drinks exóticos e as dancinhas do acasalamento que só fazem sentido quando se tem um colar de flores no pescoço. Que talz?

Hmmmm, 'quem sabe um dia', né? Imaginei. Bem, enquanto você faz seus planos de quem sabe um dia conhecer a abençoada terra de Lilo & Stitch, trago aqui, em 21ª mão, o que tem de melhor nos violões, banjos e bongôs ula-ula. Cinco artistas talentosos, versáteis e que vão, como num passe de mágica, transportá-lo à crista das mais fantásticas ondas que povoam seus sonhos ensolarados.

Começo a viagem pelo mais famoso de todos, que até em turnê pelo Brasil esteve recentemente. Jack Hody Johnson nasceu na famosa Honolulu, à sombra dos coqueiros frutíferos que balançam com a brisa além-mar. Dividido entre a paixão pelo surf e pelo violão, começou a compor aos 14, influenciado por Cat Stevens e Bob Marley.


Aos 26 anos lançou sem muito estardalhaço seu 1º CD, apostando na fórmula vencedora da dupla violão + bongô. Dois anos depois lançou o clássico da surf music 'On and On', que lhe rendeu fãs que sequer sabiam para que serve uma parafina. Daí em diante engrenou de vez, passou a fazer turnês mundiais e enfileirou hits como "Siting, Waiting, Wishing", "Taylor", "Better Together" e "Upside Down".

Apesar da pegada havaiana, Matthew Albert Costa é californiano. Dono de um estilo peculiar, excêntrico e muito alegre, o cantor começou a compor cedo, e não demorou a frequentar as rodinhas dos ases da surf music. Numa dessas ficou amigo de JJ, que virou seu fã e o convidou para as orgias ula-ula abrir seus shows.

Carismático, logo passou a ter seus próprios espetáculos, e em 2005 lançou o excelente 'Songs we Sing', de forma independente. Lá está boa parte de seus clássicos, como "Behind the Moon", "Cold December" e "Oh Dear". Mas foi no seu segundo álbum, 'Unfamiliar faces' (2008), que Costa encontrou a levada pop que marcaria seu estilo dali em diante.


Quem olha de soslaio para Donavon Frankenheiter pensa estar se deparando com uma variação genética do ilustre salva-vidas Thunder. Garoto-propaganda da Billabong, caiu no mar logo aos 13. Dono de rara habilidade com a prancha, mudou-se para o Havaí antes de completar 18. No intervalo de uma vaca e outra, conheceu - imagine você - Jack Johnson, de quem se tornou amigo de ondas e luaus (luais?).

Ao contrário de JJ (com quem lançou o ótimo CD 'Some live songs'), Donavon começou com uma pegada mais clássica, e aos 24 formou a Sunchild, uma banda de rock estilo Black Crowes com mais dois amigos locais. 3 CD's depois decidiu partir para a carreira solo, onde se encontrou definitivamente. Bigodão no microfone e violão a tira-colo, apostou em um som mais intimista, que rendeu preciosos rebentos como "Butterfly", "Free", "On my mind" e "Call me Papa".

Hoje, aos 36 anos, saboreia os frutos de seu 8º e mais festejado álbum, enquanto seleciona, com piscadelas teleguiadas, as pitchulas da platéia que merecem um autógrafo com dedicatória.


Com cara de criança e pose de Justin dos trópicos, Jason Thomas Mraz é o mais eclético do quinteto. Com influências que passeiam entre os antros do pop, rock, folk, jazz, country e hip hop, o queridinho das teens americanas, européias e orientais já dividiu o palco com lendas como Stones, Dylan, Dave Matthews Band e Alanis Morissette. Dono de voz e violão adocicados, está sempre bem acompanhado por talentosos percussionistas e por seu indefectível chapeuzinho no melhor estilo Falamansa.

Para constatar o pedigree do rapaz, basta uma breve passadela pela apaixonante "I'm Yours", música que lhe rendeu o 1º lugar em todas as paradas dos 3 continentes acima da linha do Equador. Uma caixa de paçoca como até o fim do dia você vai estar assoviando a masterpiece de Sir Jay Mraz.


Israel Kamakawiwo Ole, ou simplesmente bruddah Iz, foi o maior de todo o quinteto. Com 343 quilos, virou o homem mais popular de Honolulu graças ao seu jeitão carismático e o talento com o ukelele, instrumento de 4 cordas que está ali na linha que separa o violão e o cavaquinho. Defensor do direito dos havaianos, sempre trouxe temas patrióticos e de raiz aos seus trabalhos, o que lhe rendeu muitos fãs e admiradores em sua terra natal.

É curioso imaginar que um ser do tamanho de Iz pudesse ter uma voz tão doce. Fui descobri-lo quando assisti à comédiazinha romântica 'Como se fosse a 1ª vez' ('50 first dates'), aquela que a Drew Barrymore perde a memória toda hora, fazendo com que o Adam Sandler tenha que reconquistá-la a cada dia. É dele a voz que canta, como uma brisa de positive vibrations soprando em seu rosto, a atemporal "Somewhere over the rainbow", música-tema do Mágico de Oz.

Aos 38 anos (1997), o mágico Iz faleceu de problemas respiratórios causados por seu excesso de peso. Mas sua música continua a encantar a todos que um dia compartilharam de suas causas, riram de seu jeitão peculiar ou simplesmente o assistiram, admirados, na telinha do Youtube.


Aloha!



19 de nov. de 2008

Requentar é viver: Lapsos do Criador - O Amor

ESSA HISTÓRIA DE Deus fazer o mundo em seis dias, além de ser conversa pra boi dormir, desencadeou uma série de aberrações que me levam a pensar se o prazo dado ao Pai não poderia ter sido um pouquinho maior. Por conta dessa pressa toda - e da rave celestial do 7º sol -temos que conviver com seres e sentimentos que tornam a vida humana patética e suscitam discussões profundas como uma noite de Big Brother.

Sempre que abundar por aqui, vou discorrer sobre cada um deles. Aposto que você, se não concordar de cara, ao menos vai se pôr a pensar a respeito.

Inauguro o rol de Lapsos do Criador com a maior mentira de toda a história da humanidade: o Amor.

Mais especificamente aquele 'amor' entre duas pessoas de famílias diferentes, que em nome dele deixam tudo em segundo plano. Isso exclui o sentimento que envolve a relação pais-filhos, irmãos e amizades verdadeiras (normalmente, dá para se contar os Amigos nos dedos de uma mão, ao longo de uma vida).

Prólogo explicado, peço ajuda aos entendidos para resumir o amor em poucas linhas:

Amor (Dics. Aurélio/Michaelis)

1. Sentimento que impele as pessoas para o que se lhes afigura belo, digno ou grandioso.
2. Forte inclinação, de caráter sexual, por pessoa de outro sexo.
3. Afeição, grande amizade.
4. Objeto dessa afeição.
5. Benevolência.
6. Caridade.
7. Coisa ou pessoa bonita, preciosa.
8. Filos. Tendência da alma para se apegar aos objetos.

Compl.: A palavra amor advém do verbete latino amore, que pode ser literalmente traduzido por afeição, amor, vivo desejo. Também é associado a palavras que representam desejo, satisfação, conquista e libido.

Ora, ora... Será uma coincidência a palavra amor estar quase sempre relacionada a desejo, conquista e libido? Não seria nesse caso mais cabível o emprego da palavra Tesão? Ou quem sabe a Paixão, sentimento tão comumente confundido com o amor? "O furacão é a paixão; a calmaria é o amor". Alguém aí guenta viver todo santo dia na marola?

"Eu te amo". A frase que consolida uma relação pode ser interpretada de várias formas. Se vinda do rapaz para a moça, pode significar: 'você pode confiar em mim', 'gosto de sua companhia', 'você me faz bem' ou, na maioria dos casos, um sincero 'quero te comer'. Simples assim.

Quando vem de lá pra cá, o significado muda um pouco. Normalmente mais sentimentais, as moças soltam as três palavras para dizer que 'eu confio em você', 'eu sou louca por você', 'logo, logo você vai conseguir o que quer, danadinho'. Ou, quase que inconscientemente, o fatídico 'quero casar com você. You are the one!'

Reparou que todos os significados aqui atribuídos remetem a um sentimento de posse?

A aliança é um exemplo físico que comprova isso. Antes usada apenas entre os casados, o adereço passou a fazer parte dos noivados, namoros e até dos que (pasmem) 'ficam'. A coleira dourada (agora também na versão prateada), além de auto-afirmar seus adeptos, inibe a ação de boa parte da concorrência e traz até o nome do 'dono' do lado de dentro. Coidelôco!

O calendário, os estabelecimentos e outros artifícios do mundo capitalista*, voltados para os pombinhos, são outros fatores que levam meninos e meninas de todas as idades a procurarem incansavelmente a tampa de sua panela. Como se ela precisasse ser fechada para evitar um certo vazamento...

*Justiça seja feita, não é nada fácil atravessar um inverno rigoroso, um Dia dos Namorados e um filme do Hugh Grant ou da Meg Ryan sem ter ao menos alguém para dar uma ligadinha.

Acredito na vontade, no desejo, na admiração, no respeito, no 'querer bem'. Agora, no amor? Bah! Se ele existisse MESMO, como alguns ainda insistem em crer/pregar, 7 entre 10 casamentos não iriam pro limbo antes de completada a primeira década de união. E os 3 casais restantes não confessariam, pedindo sigilo em sua identidade, que estão juntos pela amizade e carinho que criaram ao longo dos anos, e 'pelo bem das crianças'.



17 de nov. de 2008

Por obséquio...


É IMPRESSÃO MINHA ou hoje é a segunda-feira mais segunda-feira dos últimos tempos?







16 de nov. de 2008

Requentar é viver: Tio Melão e Tia Dalva na terra dos E.M.O.'s



ENTRE RAZÕES e emoções, a saída é o Ipod mesmo. Ô meu pai! Toda vez que sintonizo o rádio, seja em qual estação for, escuto as razões, emoções, perdas, confissões e outros versos choramingados por uma das bandas produzidas pelo midas do pop, Rick Bonadio. Todos dizendo a mesma coisa: você vai voltar, sempre vou te esperar, queria te esquecer, sem você não dá, dentre outras pérolas da onda emo que vem fazendo a cabeça da molecada.

Eu poderia seguir em frente detonando sem piedade as franjinhas, calças justas, sombras nos olhos e outras manias ridículas dos sentimentalóides, mas hoje entrei aqui para falar sobre outro assunto: os nomes das bandas.

É curioso como a falta de criatividade nas composições acompanha a hora da escolha do nome do grupo. Até o começo dos anos 90, com destaque para a geração dourada do final dos 70's e 80's, as paradas de sucesso tocavam Os Paralamas do Sucesso, Engenheiros do Hawaii, Biquíni Cavadão, Ultraje a Rigor, Titãs, e, lustrando um pouco a vitrola, Novos Baianos, Secos & Molhados e Os Mutantes. Bandas que tinham algo a dizer, e faziam de suas letras mais do que pretextos para chegar a um refrão grudento e repleto de verbos no infinitivo.

Agora, a coisa virou do avesso. Quem aparece nos programas de auditório, clipes e vitrines das lojas de CD são siglas e trocadilhos infames, tão vazios no repertório quanto em seu nome. CPM 22, NX Zero, Hateen, Tihuana, Moptop, KLB: pegue todas as letras e tente formar uma palavra com algum sentido. Se conseguir, mande pra mim - te dou um CDzaço autografado pelo 'Forfun', que tal?


O buraco negro imaginário em que caíram essas bandas não se restringe ao pop/rock. Ele passa pelos redutos de samba e pagode, e atinge até as duplas sertanejas. Ou vai dizer que Bruno & Marrone, Edson & Hudon, César Menoti & Fabiano e Marlon & Maicon servem ao menos para carregar a viola de Zé Rico & Milionário, Tião Carreiro & Pardinho ou Rio Negro & Solimões?

Nem aqui, nem em Barretos! E que dirá em São João do Piritinga, onde os sertanejos de verdade dão risada das coreografias dos cowboys genéricos, enquantam pigarreiam e enrolam outro cigarro de palha.

A frutífera reflexão acima me levou ao funesto poeminha abaixo, um lamento para os anti-siglas e um singelo sinto muito pr'aqueles que engolem a seco os jabás do circuitinho:

A Serelepe e o Melão
No Fundo do meu Quintal
meu tio Melão curtia uma Garoa
ao som dos bons e velhos Demônios,
sempre com uma rima inusitada
debaixo do pandeiro, numa boa.

Enquanto isso,
a voluntariosa tia Dalva
preparava o Mocotó
e seguia atrás do Trio
Mascando Chiclete
e descascando a Banana alheia,
sem-vergonha que só.

O Chiclete e a Banana
parecem não perder o embalo,
mas agora quem os acompanha
nos palcos, eu vos falo:
atendem por Sorriso Maroto,
Doce Encontro,
Refla e Kiloucura.

Nos novos tempos,
Tio Melão se deu mal, coitado!
Descobriu o cri-crí
e entrou para a igreja
de Marcelo, o abençoado

Já Tia Dalva, a serelepe
passou a fazer chapinha
virou adepta do espartilho e da sainha
e foi curtir o show do Jeito Moleque!




10 de nov. de 2008

Obamadonna

PROCURA-SE ÍDOLO. Vivo, sóbrio e que traga em suas veias valores e ideologias reais, concretas e despidas de luxúria e vaidade. E aí, conseguiu pensar em algum?


Deixando de lado a discussão sobre a necessidade de admirarmos, exaltarmos e até endeusarmos determinadas pessoas, fato é que o mundo está carente de ídolos. Seja pelo momento 'pacífico' que o planeta vive, pela confluência de interesses ou pela simples dificuldade das pessoas em externarem seus sentimentos, não temos mais objetos de admiração, exemplos, referências. E quem propõe o brinde é sempre o Mais do Mesmo.

Não foi à toa, pois, todo o estardalhaço mundial feito na campanha e eleição de Barack Obama, o novo presidente do mundo. Obama não é apenas negro, havaiano e charmoso, como seus olhos podem constatar. O democrata tornou-se um ídolo porque fala direto com o coração de seus eleitores, discursa para multidões com destreza e segurança assombrosas e transmite um sentimento de mudança e confiança como há muito não se vê no Grand Canyon do hamburger (e que se vislumbrou 6 anos atrás na terra da feijoada).

Noves e continuístas fora, Obama devolveu aos americanos o sentido da palavra MUDANÇA, e de quebra trouxe o eleitorado jovem de volta às urnas acostumadas aos dedos enrugados e ao cheiro de anis.

Emendando a resenha na última sigla do New World Hero, chegamos às filas paulistanas abarrotadas de gente pagando fortunas para assistir, mesmo que através das lentes dos binóculos, ao show de Madonna - o último ídolo da música acima da terra reconhecido e aclamado mundialmente.

Com aparência de argentina vendedora de brechó e dona de uma voz que jamais ultrapassou a barreira do medíocre, Madonna conseguiu o que as Britneys multiraciais de hoje jamais vão chegar perto de ter: RESPEITO.

Madonna rebola, agacha, ilude, provoca. Casa, descasa, escreve, atua. E goza. Goza um gozo público, compartilhado com seus milhões de fãs de todas as classes, estilos e preferências sexuais. Goza o amor pela vida, pelos palcos e pela carreira impecável, turbulenta e camaleônica. E goza o privilégio de ser, ao lado do presidente que ajudou a eleger, uma ilha de saudável imprevisibilidade num mar de cartas marcadas.



Prato do Dia



Chef: Verborragia Gráfica






6 de nov. de 2008

Ah, o Futebol!

AH, O FUTEBOL! Não é à toa que ele desperta, com a mesma intensidade, paixão e ódio, alegrias e discórdias, gritos e lágrimas.

Quando começava a pensar que já tinha visto de tudo no esporte número 1 do mundo, eis que a quarta-feira futebolística me presenteia com duas cenas pitorescas, folclóricas, escalafobéticas.

A primeira aconteceu no Engenhão, palco do confronto entre Botafogo x Estudiantes, partida de volta das quartas-de-final da ilustre Copa Sul-Americana. O Fogão ia mal das pernas e, visivelmente nervoso, não tinha forças para buscar o placar que o colocaria na próxima fase. No finzinho da etapa derradeira, falta assinalada pelo juiz no meio-campo, e cartão amarelo para André Luís.

Inconformado com a marcação, o zagueirão voou em cima do árbitro, arrancou o cartão de sua mão e devolveu o gesto, antes de esmagar o coitado entre os dedos enquanto lançava um fuzilante olhar Mike Tyson para o pobre juiz. Incrédulo, borrado e boquiaberto com a atitude do béque, o juiz deu 10 passos pra trás e levantou o vermelho. Por muito pouco não levou um piau.

Enquanto isso, no estádio Diego Armando Maradona, o Palmeiras, de time reserva, levava um sapeco do inexpressivo Argentinos Juniors. Tudo dentro do script - não fosse pelo fato do garboso treinador do Verdão, Vanderlei Luxemburgo, estar assistindo e comentando a partida de sua própria equipe da tribuna da Globo, entre elogios à equipe da emissora, críticas aos seus jogadores e bebericadas de café.


E o salário, ó...





4 de nov. de 2008

Por que os EUA vão eleger Barack Obama

NESSA TERÇA-FEIRA oportunamente ensolarada, nossos queridos Estados Unidos da América vão às urnas para escolher o 44º presidente de sua história. Como política é um dos assuntos prediletos deste democrático blog (veja você), chamei o mala do Tony e o fofo do Lee para darem seu pitaco no nada imparcial rol de motivos que colocarão o candidato democrata no mais nobre e polêmico cômodo da Casa Branca.


Ora, os EUA elegerão Obama...


1. Porque Obama é pop;

2. Porque Obama é cool;

3. Porque Obama é jovial, simpático, charmoso e muito mais carismático que seu oponente;

4. Porque Obama é negro, e os americanos querem (ao menos da boca pra fora) compensar os séculos de injustiças e preconceito com a raça que tanto os representou América afora;

5. Porque a crise tá braba, e os democratas, mais práticos e arejados, costumam administrar melhor situações como essa;

6. Porque Obama lembra Owens, Ali e Luther King;

7. Porque Obama lembra Kennedy, Clinton e Carter;



8. Porque, apesar de terem sido a favor do War vergonhoso do soldado Bush, os americanos querem limpar a imagem maligna proporcionada pelo presidente Cabum!;

9. Porque Obama é mudança - seja lá o que isso signifique a essa altura do campeonato;

10. Porque os americanos querem apagar a péssima imagem das últimas eleições, quando Little George venceu Kerry por um caminhão de votos alterados debaixo dos olhos de quem quisesse ver;

11. Porque McCain tem cara de bobo;

12. Porque McCain é velho, tem cabelo de bandido e os dentes amarelados;

13. Porque McCain não soube usar o (ainda) fortíssimo fator preconceito a seu favor;

14. Porque Sarah Palin é uma pateta;

15. Porque Obama, bom democrata que é, brecará a entrada de produtos de fora, favorecendo os trabalhadores americanos e a produção made in home;

16. Porque até Madonna saiu do muro e declarou seu voto em Obama (em entrevista recente, a performer comparou Obama a Gandhi e McCain a Hitler);


17. Porque a gigantesca comunidade de negros e hispânicos já fez sua opção há tempos;

18. Porque a imprensa - o 1º poder travestido de 3º - já elegeu seu candidato;

19. Porque o resto do mundo 'espontanemente' escolheu Obama;

20. Porque somente a eleição de Obama poderá recolocar o planeta aos pés de seu 'legítimo' dono.









3 de nov. de 2008

Por obséquio...

LONGE DE MIM querer fazer Teoria da Conspiração, mas cumprimentar o campeão antes mesmo deste sair do carro após praticamente parar para ele passar é no mínimo suspeito, meu caro Glock.



Algum palpite, teóricos de plantão?





Eles estão entre nós

SEMPRE QUE PASSO em frente à banca do Tobias, me deparo com o cabide de livros que fica ali de pé, tomando conta da porta. Lá estão bíblias da auto-ajuda, quadrinhos sortidos que vão de Mafalda a Hagar e aqueles clássicos ageográficos (?) e atemporais, que carinhosamente apelidei de Gasparzinhos da literatura.

Não são poucos os nomes que compõem a fauna fantasmagórica. Rebuscados e difíceis de pronunciar (são excelentes para papagaios e cachorros), eles vêm de diversos países, épocas e culturas. Em comum, trazem o tamanho pocket, as letras dos títulos carregadas e a foto dos autores em pretibranco, fazendo aquela pose blasé que remete a eternos como o velho Shakes, Camões e outros mestres do bolor.

Confesso que três deles, em especial, sempre me chamaram a atenção. Schopenhauer, Tolstói e Bukowski parecem diferentes dos outros fantasmas. Seriam fantasmas camaradas? Não sei nadica de sua biografia: de onde vieram, o que fizeram-pensaram-pregaram, e para onde foram. Fato é que o trio, presente em todas as (cinco) bancas da cidade, me cativou.

Mas diabo, se simpatizo com os danados, por que até agora sequer peguei um deles no colo para brincar?

Não é pelo tamanho irrisório, nem pelas letras fúnebres dos títulos. Também nada tem a ver com a falta de fotogenia dos autores-fantasma, bobagem. Acontece que tudo que sai do popular e palpável para se tornar um clássico condecorado me afasta, como que por mágica.

Livros, filmes, canções: se enxergo seu significado no dia-a-dia, num instante os leio, assisto, escuto com atenção e simpatia. Mas, quando ganham o rótulo de obras-primas e prêmios e floreios e cadeiras, uma cortina esfumaçada paira sobre eles, criando um campo magnético invisível entre minha mão e o cabide. Se chegar perto dá choque.

Schopenhauer, Tolstói, Bukowski, Dostoiévski, Maiakóvski, Sartre, Kafka. Bethoven, Chopin, Zappa, Ray, Piaf, Vila-Lobos. Cidadão Kane, Casablanca, Carmen Miranda, Mazzaropi, Godard, Mágico de Oz. Os Gasparzinhos estão por todas as partes, das cartas apaixonadas e suicidas às prateleiras de ponta de pé das livrarias e locadoras.

Acredito até que, lá no fundo, eles só querem interagir e mostrar que pode chegar perto e fazer carinho, eles não mordem. Mas não é nada fácil desatar o nó dos preconceitos, esteriótipos e paradigmas. Mesmo quando a chance está logo ali, na banca da esquina.




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