O barato que sai caro
EU poderia inaugurar este canto escrevendo sobre o investimento absurdo que o Brasil vai fazer nas Forças Armadas no ano que vem, em decorrência de outro surto bélico de Hugo Chávez (comprando, claro, armamento russo). Poderia também falar da terrível coincidência que derrubou sinistramente três helicópteros no mesmo dia, dando mais pano pra manga da crise aérea que parece não ter fim. Poderia ainda falar das últimas peripécias do Cowboy americano, ou do Mafioso russo. Mas, ao ler o artigo do jornalista carioca Sérgio Costa sobre o ecstasy e as raves, na Folha de hoje, resolvi deixar essas discussões para um outro momento.
O artigo, transcrito aqui na íntegra, além de ironizar esse novo 'estilo de vida', denuncia uma frente do tráfico muito mais complexa de ser combatida: a das bilionárias indústrias farmacêuticas. Quero deixar claro que não sou contra as raves, tampouco contra o uso de drogas. Cada um faz o que bem entender, desde que sua 'viagem' não coloque a integridade dos outros em risco.
Guerra Química
Ingresso para uma festa que nunca acaba: R$ 80. Comprimido para ficar ligado horas a fio: R$ 30. Água mineral para não derreter em meio ao baticum eletrônico: R$ 3. Perder um filho por overdose, sem nem sequer saber onde ele estava, não tem dor que pague ou compense.
Droga sintética é mais cara e mais forte do que maconha e cocaína. Não tem cheiro, não deixa rastro pela casa, é carinhosamente chamada de ‘balinha’ pela garotada. Não vem dos rincões de matutos bolivianos, paraguaios ou colombianos. É feita em laboratórios do 1º Mundo e exportada para cá, embalada num contexto que envolve estética, estilo e atitude. Todos sabem quem tem. Dissemina-se por meio do tráfico formiguinha e solidário, que dispensa subidas ao morro, traficantes armados e drogados ou batida da polícia na volta. Um bate-papo no MSN ou Google Talk resolve tudo.
O baile funk na favela ganhou sua versão elite branca: a rave. A filosofia é a mesma: parece uma festa, mas é uma feira. Cobra-se ingresso, aumenta-se o som e trancam-se os portões. Fecham-se os olhos. Ibiza é aqui. Puro êxtase, sem controle ou fiscalização. Uma carteira falsificada garante a entrada no paraíso. Aos poucos, no noticiário da tevê, saem de cena os pretos magrinhos de bermuda e chinelo, entram em cartaz os brancos de tórax malhado, bermuda e tênis Puma. Atrás deles, os policiais de sempre. Sempre correndo atrás.
A revolução industrial do tráfico, por meio da oferta e do aumento do consumo de drogas químicas, está apenas começando. Mas o estrago que provoca parece irreversível. Um moleque de 17 anos engole uma pílula e seja o que Deus quiser – ou o diabo. Se ele estiver ligado.
O artigo, transcrito aqui na íntegra, além de ironizar esse novo 'estilo de vida', denuncia uma frente do tráfico muito mais complexa de ser combatida: a das bilionárias indústrias farmacêuticas. Quero deixar claro que não sou contra as raves, tampouco contra o uso de drogas. Cada um faz o que bem entender, desde que sua 'viagem' não coloque a integridade dos outros em risco.
Guerra Química
Ingresso para uma festa que nunca acaba: R$ 80. Comprimido para ficar ligado horas a fio: R$ 30. Água mineral para não derreter em meio ao baticum eletrônico: R$ 3. Perder um filho por overdose, sem nem sequer saber onde ele estava, não tem dor que pague ou compense.
Droga sintética é mais cara e mais forte do que maconha e cocaína. Não tem cheiro, não deixa rastro pela casa, é carinhosamente chamada de ‘balinha’ pela garotada. Não vem dos rincões de matutos bolivianos, paraguaios ou colombianos. É feita em laboratórios do 1º Mundo e exportada para cá, embalada num contexto que envolve estética, estilo e atitude. Todos sabem quem tem. Dissemina-se por meio do tráfico formiguinha e solidário, que dispensa subidas ao morro, traficantes armados e drogados ou batida da polícia na volta. Um bate-papo no MSN ou Google Talk resolve tudo.
O baile funk na favela ganhou sua versão elite branca: a rave. A filosofia é a mesma: parece uma festa, mas é uma feira. Cobra-se ingresso, aumenta-se o som e trancam-se os portões. Fecham-se os olhos. Ibiza é aqui. Puro êxtase, sem controle ou fiscalização. Uma carteira falsificada garante a entrada no paraíso. Aos poucos, no noticiário da tevê, saem de cena os pretos magrinhos de bermuda e chinelo, entram em cartaz os brancos de tórax malhado, bermuda e tênis Puma. Atrás deles, os policiais de sempre. Sempre correndo atrás.
A revolução industrial do tráfico, por meio da oferta e do aumento do consumo de drogas químicas, está apenas começando. Mas o estrago que provoca parece irreversível. Um moleque de 17 anos engole uma pílula e seja o que Deus quiser – ou o diabo. Se ele estiver ligado.
Folha de S.Paulo, 06/nov
Um comentário:
Não tinha lido essa matéria....
Inda bem que balinha aqui em casa é só jujuba, viu...
Postar um comentário