Ao mestre, com carinho - I
Me disseram...
'BEM AMIGOS DA REDE GLOBO, voltamos agora em definitivo para conferir todas as emoções de Brasil e Argentina. É teste pra cardíaco, amigo. Haaaaaaaaaja coração!'
Se você assiste Casseta & Planeta ou costuma deixar a TV ligada na Globo enquanto rola o futebol ou a Fórmula 1, provavelmente já ouviu esses e outros bordões da voz mais conhecida do Brasil. Seu dono é Carlos Eduardo dos Santos Galvão Bueno, o locutor mais polêmico, amado, odiado e xingado da família brasileira.
E por que será que Galvão é tão ‘reverenciado’, chegando a virar nome de rua, celebridade mais lembrada que craques e pilotos e a ser premiado com centenas de comunidades no orkut, sites, faixas e hinos?
A resposta é simples: porque Galvão, além de criar uma certa intimidade com o telespectador (ele nos chama de ‘amigo’ tantas vezes que parece mesmo que o conhecemos), tem opinião. Incapaz de narrar uma jogada inteira sem emitir um comentário, o locutor-torcedor de 57 anos parece não ter nenhum tipo de filtro quando exerce seu ofício: fala o que pensa, discorda dos comentaristas, distribui palpites e lições táticas para técnicos e jogadores, evoca ditados populares e, quando se trata de Brasil, se transforma no Zagallo dos microfones.
Para quem ainda não viu (ou quer rir de novo), segue abaixo alguns motivos que fizeram o locutor carioca se tornar a maior lenda viva do jornalismo esportivo:
Descendo a lenha no Pelé em Rede Nacional:
Perdendo o timing:
Atacando de Isaac Newton:
Trocando as bolas (aqui, ele criou um novo tenor):
Mostrando que sabe tudo de cultura popular:
Podem criticar, zombar, tirar sarro, mudar de canal. Mas é por essas e outras que Galvão é intocável na maior emissora da América Latina, tem um programa só seu e conquistou a liberdade de ser transparente no trabalho e dar as cartas de acordo com o seu jogo.
Pra encerrar, uma singela homenagem da torcida brasileira:
JÁ SE VAI QUASE um ano que ela apareceu no 'Britains got Talent', a versão inglesa do 'American Idol'. Como só vi o vídeo agora, divido aqui com vocês. Seu nome é Connie Talbot, e o fato de ter a franjinha loira, uma adorável janelinha nos dentes e seis anos de idade deixam sua voz ainda mais doce. Para ver, rever e lembrar que há muito mais que um pote de ouro no final de cada estrada.
CERTOS FILMES dão tão certo que ultrapassam a barreira do entretenimento por si só, ganhando uma sequência (via de regra uma trilogia), marcando época e virando grife de uma, duas ou mais gerações. Nessa restrita galeria estão clássicos como 'Star Wars', 'O Poderoso Chefão', 'De Volta para o Futuro', 'Rocky', 'Homem Aranha', 'Batman' e, claro, 'Indiana Jones'.
Depois de caçar a Arca Perdida, escapar vivo do Templo da Perdição e encontrar o cálice sagrado na Última Cruzada, Harrisson Ford e seu Indiana Jones saem da aposentadoria de 19 anos para encarar sua mais nova aventura...
INDIANA JONES E O REINO DA CAVEIRA DE CRISTAL
('Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull', 2008)
Aventura, 149 min.
Direção: Steven Spielberg
Roteiro: David Koepp, baseado em história de George Lucas e Jeff Nathanson
Com: Harrison Ford, Cate Blanchet, Shia LaBeouf, Karen Allen e John Hurt
Sinopse: Suspenso da Universidade onde leciona por perseguição do governo, Indiana Jones (Ford) parte para o Peru ao lado do jovem Mutt Williams (LaBeouf) para desvendar o mistério da caveira de cristal e resgatar a mãe do rapaz. No caminho, ele terá que enfrentar cobras, formigas gigantes, índios selvagens e os agentes de Stalin, liderados pela ambiciosa agente Irina Spalko (Blanchett).
♠Bastidores:
* O orçamento de Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal foi de 125 milhões de dólares;
* Em 2006, o ator Harrison Ford declarou que se o 4º filme não fosse feito até 2008, ele desistiria de realizá-lo de uma vez por todas. Foi o suficiente para que Steven Spielberg buscasse um bom roteiro o mais rapidamente possível;
* M. Night Shyamalan (' O Sexto Sentido', 'A Vila') e Tom Stoppard ('O Império do Sol', 'Shakespeare Apaixonado') foram convidados a escrever o roteiro do filme;
* Sean Connery foi sondado para fazer uma nova participação como o pai de Indiana Jones, mas preferiu continuar em sua aposentadoria;
* Harrison Ford passou 3 horas por dia na academia e fez uma dieta à base de peixe e vegetais, para voltar a interpretar Indiana Jones. Spielberg declarou ficou tão impressionado com a forma física de Ford que não conseguia perceber diferenças entre as cenas por ele rodadas para o 3º e o 4º filme da série;
* Shia LaBeouf ficou tão empolgado em participar de um filme que sequer leu o roteiro antes de assinar seu contrato. Para se preparar para o papel, ele assistiu várias vezes os filmes anteriores da série e ganhou quase 7 kg na academia;
* Vários outros títulos foram cogitados para este filme: "The City of Gods", "The Destroyer of the Worlds", "The Fourth Corner of the Earth", "The Lost City of Gold" e "The Quest of the Covenant".
♠ Informações retiradas do site AdoroCinema
Por que assistir: Se você é fã da série e curtiu a trilogia inicial, vai se amarrar nessa quarta fita. 'Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal', talvez por ser assinado pela dupla Steven Spielbeg/George Lucas, tem um pouco de tudo que os magos do cinema já produziram: E.T., Goonies, Star Wars, De Volta para o Futuro, Inteligência Artificial e a reedição das melhores cenas de aventura dos outros Indiana Jones.
O sessentão Harrison Ford impressiona pela ótima forma, Cate Blanchett está surpreendentemente sexy com seu penteado à lá Zeta Jones/Chicago e sotaque russo, e a escolha do garoto Shia LaBeouf para fazer o garotão vaidoso da jaqueta de couro foi na mosca. Mesmo quase duas décadas longe do herói, é impossível não se emocionar ao ver a cena do chapéu surgindo acompanhado pela trilha sonora indefectível. Tan-taran-taaaan!!!
Avaliação: @@@@@ IMPERDÍVEL!!!!!
Trailerzinho? Assista aqui.
DEPOIS DE 4 JOGOS que custaram milhares de engradados, fios de cabelos e pregas morais, estão definidos os semifinalistas da Copa Libertadores da América 2008. Com a vaga garantida muito mais por méritos próprios que por obra do destino, as equipes finalistas premiam o futebol de alto nível praticado nas quatro maiores potências da bola do continente: Brasil, Argentina, México e Equador.
Palermo beija o escudo do Boca após marcar o 1º do hat-trick/Reuters
Muita gente diz que o Boca se dá bem porque joga como time pequeno: fechadinho e explorando os erros do adversário. Mas a coisa não é bem assim.
Na fase de grupos, o time de Riquelme, Palacios e Palermo venceu todas na Bombonera, e se classificou em 2º lugar, 1 pontinho atrás do Atlas. Nas oitavas-de-final, bateu o badalado Cruzeiro na Bombonera e no Mineirão, e foi cheio de moral para cima do Atlas. Com o empate em 2x2 na Argentina, a maioria dos críticos dava como certa a classificação do time mexicano. Mas eis que o Boca mostrou toda sua mística com a Libertadores, sapecou 3x0 na terra do Chaves e conquistou o direito de enfrentar o Fluminense nas quartas.
Ponto forte: o Boca joga bem em casa e melhor ainda fora. As triangulações do trio Riquelme-Palacios-Palermo levam sempre muito perigo, e o time parece mais motivado que nunca para as finais do torneio.
Ponto fraco: a defesa boquense não é mais aquela intransponível de alguns anos atrás. Na fase de grupos, o time levou muitos gols bobos, e se o ataque carioca estiver inspirado, pode enfileirar uma bela carreira de gols.
Cabañas mostra as bañas: o artilheiro fome zero
O grande azarão das finais é sem dúvidas o América do México. Lanterninha e saco de pancadas do campeonato nacional, técnico demitido no meio do torneio e um atacante rechonchudo como estrela maior. Você botaria fé?
Pois o time com a camisa mais feia dos últimos tempos calou a boca de todos, inclusive do Flamengo em pleno Maracanã e do Santos na Vila Belmiro. Na fase de grupos, conseguiu a classificação após um heróico 4x3 no River Plate. Depois disso, fez o que fez com o Flamengo e o Santos, em atuações soberbas do panzón aí de cima. Pode já ter ido longe demais, mas se o Once Caldas viajou pro Japão, por que não a trupe de Cabañas?
Ponto forte: as jogadas em profundidade para o matador Cabañas, maior goleador do campeonato, com 8 gols (no ano passado, marcou 10 e foi o artilheiro). Quando joga no Azteca, a torcida mexicana não pára de gritar um minuto, dificultando e muito a vida dos adversários.
Ponto fraco: os dois melhores jogadores do time (Villa e Cabañas) estão visivelmente fora de forma. Quando a bola não passa por eles, dificilmente o América produz alguma coisa. Pode estar aí o caminho para o sucesso da LDU.
Jogadores da LDU se abraçam após triunfo sobre o San Lorenzo
Quando os argentinos já preparavam o chorizo para um duelo entre seus times nas semifinais, eis que a LDU surge imponente e acaba com a farra. Jogando muita bola, despachou o favorito San Lorenzo na disputa de pênaltis e assegurou a presença equatoriana no quarteto finalista.
Colocado no mesmo grupo do Fluminense, chegou na 2ª posição, logo atrás do time de Renato Gaúcho. Nos duelos com o Flu, empatou em casa e perdeu no Maracanã pela diferença mínima, 1x0.
Carrasco dos argentinos, eliminou o Estudiantes em La Plata nas oitavas, e empatou duas vezes com o San Lorenzo para passar às finais. Vem crescendo na competição, e joga com muita raça e disposição em campo.
Ponto forte: o trio Menéz-Manso-Bolaños. Rápidos, habilidosos e entrosados, são os principais responsáveis pela excelente campanha do time equatoriano.
Ponto fraco: é um time instável; ganha uma, perde outra. Toma gols com a mesma facilidade que marca, e se quiser ser campeão precisa se segurar melhor atrás.
...
PITACO DO MAGO CARLTON NOSTRADAMUS FOX:
Seja quem for o campeão, dá pra dizer que a América estará em boas mãos. Meu palpite para os finalistas? Boca e LDU. E tango dos argentinos na final!
UMA FINAL ÉPICA, com todos ingredientes típicos de jogos dessa dimensão. Bolas na trave, defesas espetaculares dos goleiros, brigas em campo, craques amarelando na hora decisiva, uma disputa de pênaltis de arrepiar. Manchester e Chelsea fizeram uma partida à altura das suas tradições, e proporcionaram a mais de 200 países um espetáculo como há muito não se via.
De um lado, Van der Sar, Ferdinand, Cristiano Ronaldo e Rooney. Do outro, Peter Cech, Lampard, Ballack e Drogba. Com os milhões de euros injetados pelos magnatas que controlam as equipes, Manchester e Chelsea se tornaram duas seleções mundiais. Naturalizações à parte, contam com jogadores dos 5 continentes, e sua força é tanta que se dão ao luxo de terem no banco jogadores titulares de suas seleções.
O craque português fez o seu, mas no penal parou no gigante Cech/guardian.com.uk
Nos minutos que antecederam a disputa de pênaltis, a tensão imperava no belo estádio Luzhniki. Apesar da reação de seu time na partida, os torcedores do Chelsea pareciam mais apreensivos. Mesmo com o frio, os cachecóis e camisas azuis estavam empapados de suor, na ansiedade da iminente conquista de seu 1º título da Champions League. Por outro lado, a torcida de vermelho parecia mais tranquila e confiante em seus jogadores, que à beira do gramado escutavam as instruções do técnico Ferguson.
Penalidades.
O confiante Tevez abriu as cobranças e, com tranquilidade, deslocou Cech e anotou 1x0.
Ballack, não tão confiante mas com bastante força, preencheu a bolinha azul: 1x1.
Carrick inverteu o canto do argentino e vibrou intensamente: 2x1 Manchester.
Belletti, o primeiro brasileiro a ser fotografado na noite, bateu seco no canto e assegurou o 2x2.
Chega a vez de Cristiano Ronaldo. Ele dá aquela respiradinha da Hortência, ergue a cabeça, corre para a bola e... pára. Indeciso, sente a imponente presença de Peter Cech, e acaba fazendo o que você viu na imagem aí de cima.
Lampard, o melhor jogador em campo, bate com perfeição e coloca o Chelsea à frente: 3x2.
Na melhor cobrança da noite, Hargreaves solta a bomba no ângulo e deixa tudo igual: 3x3.
Ashley Cole bate no cantinho, e quase dá Van der Sar. Quase: 4x3 Chelsea.
O portuga com cara de brasileiro Nani pega a bola, deixa Cech na saudade e novamente empata: 4x4.
Última cobrança da série: John Terry, um dos melhores zagueiros da história do futebol inglês e símbolo do Chelsea pega a bola, e parte para a cobrança derradeira. Estufa o peito, corre para a marca e tropeça! A bola caprichosamente beija a trave, vai para fora e o capitão fica no chão, imerso em sua tristeza particular.
Pênaltis alternados: quem perder tá na roça.
Van der Sar voa para defender cobrança de Anelka/Reuters
Anderson, 19 anos, cobra com estilo e recoloca o Manchester à frente.
Kalou, que entrou bem na partida, faz o seu e deixa 5x5.
Giggs, 35, mostra sangue frio e mete caixa: 6x5.
Anelka, que tem um histórico nada favorável em cobranças de pênaltis, pega a bola titubeante (1º sinal). Ao se dirigir à marca da cal, faz cara de choro (2º sinal). Quando Van der Sar, 1,97m, 37 anos e 4 Copas do Mundo nas costas aponta para o canto esquerdo, o francês diminui a passada (3º sinal), troca o lado e enche o pé no direito. O goleirão holandês agradece, voa como uma águia e garante a conquista da 2ª Copa dos Campeões para o Manchester United.
Depois das comemorações em campo, os jogadores do Manchester ovacionam seu lendário treinador, levantam a taça mais cobiçada da Europa e escrevem mais uma linha dourada em seu invejável currículo.
Do outro lado, fica a imagem do choro de Terry e as palavras de consolo do craque Lampard, em entrevista para o jornal britânico The Guardian:
"John é o Sr. Chelsea. Ele queria esse título mais do que qualquer um no clube. Não é qualquer zagueiro que chama a responsabilidade para a última penalidade, uma cobrança de tamanha importância. Isso comprova que John é um homem, e ninguém aqui vai criticá-lo por perder o pênalti. Ele é forte e saberá dar a volta por cima".
Brown e Cristiano Ronaldo dão a volta olímpica/guardian.co.uk
E foi dessa forma que Londres perdeu mais uma chance de levar a magnífica taça dourada, o maior craque do mundo teve sua redenção, o futebol escreveu mais um capítulo em sua quase bicentenária história e a Champions League repetiu 2005 (vitória antológica do Liverpool sobre o Milan), pintando o velho continente - e a charmosa cidade mocovita - de vermelho.
E bordando mais uma estrela no peito do melhor time do planeta na atualidade.
UM DOS PASSATEMPOS prediletos dos comentaristas e metidos a entendidos de futebol é palpitar. Pode ser jogo de Copa do Mundo, Campeonato Estadual ou o Casados x Solteiros da firma: quando menos você espera, o bedelho já tá lá metido.
Se é assim, o que Carlton Nostradamus Fox teria a oferecer?
O Mago de Nova Piripiri, que anda sumido dos points da cidade por sua fama repentina via Pentelhos, recebeu este aspirante a jornalista em sua suíte. De lá, ele acionou sua bola de cristal e apontou os finalistas da Libertadores e da Copa do Brasil. Vamos aos principais trechos:
SEGUNDONA BRABA, 7H30 da madruga, o sol começa a dar as caras na cidade. Muita gente ainda se espreguiça, outros tantos folheiam o jornal, conferem o horóscopo e botam o bule pra funcionar. Alguns ainda curtem os últimos momentos de edredon, mas a grande maioria já está lá, a postos, apertando os olhos para ler a plaquinha e abrir o primeiro sorriso da semana, ao se deparar com sua charrete coletiva.
À porta do carro, o chofer do povão - ainda com os olhos cheios de ramela e um odor que traz o melhor do café, das sudoríparas e da fumaça - responde as perguntas de praxe com paciência de professora de primário:
- PASSA NA SANTO AMARO?
- PASSA SIM, SENHORA.
- E NO CRUZAMENTO DA FARIA LIMA COM A JUSCELINO?
- PASSA LÁ TAMBÉM, PODE SUBIR.
- ESSE AQUI PASSA LÁ NO HOSPITAL DO SERVIDOR?
- SIM, SENHOR. O QUINTO PONTO JÁ É O SEU.
- Ô MOTÔ, ESSE PASSA PERTO DO IBIRA?
- OLHA, PASSA ONDE VOCÊ QUISER!
Ééééé garoto, vida de Motorista de Ônibus não é fácil. Acorda cedo, dorme tarde, tem que aguentar nego folgado que quer subir/descer fora do ponto e as tiazinhas que reclamam das curvas bruscas: 'esse motorista é um grosso!'. Fazem o mesmo trajeto todo santo dia, escutam xingamentos e o famoso 'desceeeeeeee' a cada 5 minutos, e quando finalmente engatam a quinta marcha vitoriosa, um braço levantado faz tudo voltar à estaca zero.
Ao contrário do cobrador, os motoristas não têm a oportunidade de prestar atenção nas conversas alheias, nas figuraças que passam e de admirar os batons, bustiês e decotes que sentam e levantam freneticamente. A comunicação com os passageiros se restringe às perguntas logísticas, ao bipe da cordinha puxada e à algumas onomatopéias soltas a esmo. Isso quando não senta um zé ruela no banquinho de passageiro e começa a falar do tempo, do trânsito, do futebol, de seu emprego, da patroa, da amante, do cachorro e de outros assuntos interessantíssimos, sempre respondidos com um 'poisé', 'aham' ou outro resmungo qualquer.
E o motorista de ônibus turísticos? Esses, muito mais desinibidos, descolados e pintosos, parecem ter feito curso superior para exercer o ofício. Estão sempre engomados, com o Raybanzão no rosto e um ar superior, como se fossem um comandante de avião:
"Ha-ham. Bom dia, tripulação. Aqui quem vos fala é o motorista Mathias. Faz um dia agradável lá fora, a previsão para a viagem é de muito sol. A estrada se encontra com alguns buracos e quebra-molas, mas nada que atrapalhe o seu conforto. À direita vocês podem ver a encosta da Serra da Mantiqueira, e à esquerda os veículos que viajam na direção oposta. Caso precisem fazer as necessidades, o banheiro fica ao fundo. Pedimos para deixarem o número 2 pra parada no Rodoserv, visto que a descarga está com um pequeno defeito. A Pau de Arara agradece a preferência, tenham todos uma boa viagem."
Há ainda os motoristas de ônibus escolar, outro sub-gênero curioso. Nele se encontra um grande contingente de ex-taxistas, gordinhos bonachões e mulheres, veja só. Assim como acontece com as professoras de primário, 'Rose', 'Marisa', 'Marta' e 'Cristina' são os nomes mais pedidos. Mas, no fim das contas, acabam virando a 'Tia do ônibus', 'Tia da perua' ou ainda 'perueira', o que não é lá muito cristão.
Para esse pessoal, a paciência precisa ser redobrada, já que a nhaca matinal parece não ter efeito algum sobre as crianças. Elas já acordam ligadas no 330, e costumam ver na 'perua' uma atração à parte. Tiram sarro de cada coleguinha que embarca, cantam aquelas musiquinhas intermináveis e adoram mexer com os infelizes que passam pela rua.
O pior é que, assim como os pizzaiolos, entregadores de jornal e ascensoristas de elevador, os motoristas de ônibus - que têm uma baita duma responsa - não vêem a cor da gorjeta. A tendinite, o mal-humor e a bunda quadrada são por conta da casa. Como diria o Esqueleto, 'são ossos do ofício'. Como resmungaria o Trévis, vendedor de cachorro quente e cobrador do circular aqui de Nova Piripirí, 'é osso!'.
Jogadores do Mengão soltam o grito, pra tristeza do pé frio Cuca/Globoesporte.com
DEPOIS DE 4 MESES de bola rolando, saíram nesse domingão os campeões estaduais de 2008. Na tarde em que choveram gols por todos os lados, São Paulo e Curitiba foram pintados de verde, Porto Alegre foi tingida de vermelho, BH ficou da cor do céu, e o rubro-negro ganhou as ruas da Bahia e do Rio de Janeiro.
No geral, deu a lógica. Confesso que botava fé no Botafogo - e apostei minhas fichas paranaenses no Atlético -, mas de resto nada de surpresas (noves fora o antológico 8x1 que o Inter sapecou no Juventude, com direito a show do maestro Fernandão).
Fernandão levanta mais um troféu: 3 gols na final/VIPCOMM
Na fria São Paulo, o Palmeiras sairia dos 9 anos de fila se Marcos não levasse gols da Ponte Preta. Dito e feito: o goleiro cumpriu sua parte e viu o ataque, comandado pelo inspirado Alex Mineiro, balançar as redes 5 vezes. Festa no chiqueiro verde, 22º Paulistão na história e pá de cal na fila, que segue quilométrica pro time de Campinas.
Marcos e Valdívia: estrelas maiores da cia. verde/Globoesporte.com
Na ensolarada Belo Horizonte, o Cruzeiro, zen após os cinco gols de vantagem abertos na semana passada, só cozinhou o Galo pra garantir mais um título mineiro. A vitória magra por 1x0 foi mais que sufuciente para fazer o Mineirão vir abaixo, e dar uma motivação a mais para os jogadores que terão de vencer Riquelme e patota para seguirem na Libertadores.
Mascote cruzeirense chega de helicóptero/Globoesporte.com
Na Cidade Dengosa Maravilhosa, Joel Santana fez sua despedida da Gávea em grande estilo. No intervalo do jogo, quando o Flamengo perdia por 1x0 e sofria pressão do Fogão, o técnico sacou dois volantes, colocou Diego Tardelli e Obina e foi pro tudo ou nada. Resultado: um gol de Tardelli, dois de Obina e a virada histórica por 3x1, para o delírio dos quase 80 mil torcedores que lotaram o Maracanã.
Obina e Tardelli: do banco para o título/Globoesporte.com
O Atlético Paranaense começou o ano arrasador. 11 vitórias em 11 jogos, defesa compacta e um ataque irresistível, que deixava sua marca ao menos 3 vezes por partida. Tudo fazia crer que o título estadual estava no papo, mas é aí que entra a graça do futebol. O Coritiba veio chegando devagarzinho, e quando o Furacão acordou, era tarde demais. Nem os 2x1 desse domingo foram suficientes para tirar o caneco do Coxa Branca, que confirma sua ascenção e retorma à elite do Brasileirão no próximo final de semana.
Coxa comemora: Furacão who?/Lance
Seleção dos Estaduais
Muita gente diz que os campeonatos regionais só servem como aperitivo para o Brasileirão. Discordo. Esses torneios, além de acirarrem a disputa entre os grandes locais, são algumas das poucas oportunidades de times menores aparecerem e mostrarem seu valor.
Prova disso é o desempenho do Itumbiara, campeão goiano, do Guaratinguetá, que fez um belo Paulistão, do Tupi, segundo colocado na fase de grupos do Mineiro, do Inter de Santa Maria, que quase foi à decisão do Gaúcho e do Vitória da Conquista, que só não levou o Baiano porque perdeu do Bahia sua partida derradeira.
Entre os times que aproveitaram o 'treino' pra levantar mais um caneco, alguns jogadores se destacaram, exercendo papel fundamental para a conquista de seus clubes. Segue a lista com os 11 titulares:
Goleiro: Marcos (Palmeiras)
São Marcos de Parque Antártica está de volta, pra alegria dos torcedores alvi-verdes e dos amantes do bom futebol. Nesse Paulistão, pulou, gritou e comemorou como um menino, e provou que ainda tem muita lenha pra queimar.
Laterais: Leonardo Moura e Juan (Flamengo)
Rápidos, ariscos e habilidosos, Léo Moura e Juan confirmaram a ótima atuação que tiveram no último Brasileirão, e foram os grandes responsáveis pela segurança da defesa e belo desempenho do ataque rubro-negro. Olho neles, Dunga!
Zaga: Thiago Martinelli (Cruzeiro) e Henrique (Palmeiras)
Além de mostrarem segurança atrás, Thiago e Henrique surpreendem pela habilidade na saída de bola, essencial para a construção das jogadas. Jovens e com excelente noção de posicionamento, têm boas chances de ir às Olimpíadas de Pequim.
Volantes: Ramires (Cruzeiro) e Alex (Inter)
Além de desarmar com excelência, Ramires tem bom toque de bola e um foguete na perna direita. Ao lado de Marcelo Moreno, é o grande destaque da Raposa nesse início de ano. Alex, craque e artilheiro do Gauchão, é mais um meia do que um volante. Como vamos de 4-3-3, ele fecha a meia-cancha com o volante cruzeirense.
Meias: Valdívia (Palmeiras) e Keirrisson (Coritiba)
Hoje, ninguém no Brasil joga mais bola que Valdívia, o craque do Paulistão e a alma do time do Palmeiras. Não satisfeito em armar as ações ofensivas do time, o Mago chileno ajuda na marcação, marca muitos gols e dá um espetáculo à parte, feito a base de dribles e muita catimba. Keirrison confirma ser a maior revelação do Coxa nos últimos tempos. Veloz e matador, desmontou a defesa do Furacão, e desponta como favorito a craque desse Brasileirão.
Atacantes: Marcelo Moreno (Cruzeiro) e Alex Mineiro (Palmeiras)
Moreno é jovem, Mineiro é macaco velho. Moreno tem velocidade e aplicação tática, Mineiro tem tranquilidade e sangue frio na hora de balançar as redes. Moreno tem tudo pra ser um grande atacante, Mineiro já é. A dupla, que junta já anotou 35 gols este ano, fecha a seleção dos estaduais em grande estilo.
Técnico: todos os campeões. Cada um a seu estilo, deram sua parcela considerável para o triunfo de seus clubes. Parabéns para o palmeirense Vanderlei Luxemburgo, o flamenguista Joel Santana, o cruzeirense Adilson Baptista, o colorado Abel Braga, o Coxa Branca Dorival Jr., o itumbiarense Paulo César Gusmão, o figueirano Gallo, o vitorense Vágner Mancini e para Nelsinho Baptista, campeão pernambucano com o surpreendente Sport.
Um bando de japoneses com cara de bobo, liderados pelo que se veste de vermelho. Pancadarias toscamente coreografadas, onde cinco (que conversam na rua, despretensiosamente) botam quinhentos (armados) pra correr, sem maiores dificuldades. E uma luta final entre o robô do bem e o monstro do mal gigante, numa cidade de maquete, que termina invariavelmente com um golpe mortal (do robô, claro) e uma pose de missão cumprida dos heróis.
O segredo de Jedi, Jaspion, Jiraya, Giban, Changeman, Flashman, Cybercops e cia. estava nessa simples e bem sucedida fórmula, repetida até pela galera do hamburger, com os PowerRangers. Sem metade do charme, lógico.
Espia só a antológica abertura de Jaspion (cortesia do Sargento Ibuki):
FILMES DOS TRAPALHÕES
Mun-Ha: até hoje tenho medo dele
"Espííííiíritos do mal, transforme essa forma decadente em Mun-Haaaaaaaaaaaaa!!!!!" Bastava a frase profética ser declamada e um dos maiores vilões da história entrava em cena, para desespero de Lion, Pantro, Cheetara e os outros Thundercats. Mun-Ha é um dos responsáveis pelo êxito de Thundercats, que rivaliza com Caverna do Dragão pelo posto de melhor desenho de aventura de todos os tempos.
Sua versão para o cinema é estudada há quase duas décadas, e após o martelo batido com a Warner, deve enfim sair do papel - resta saber se será feito com atores de carne e osso ou virtuais, como rolou com o rival. Seja como for, Lion e a Espada Justiceira prometem voltar com tudo em 2009, pra te dar aquela visão além do alcance. Hoooooooooooooooooooo!
TIN TIN
Tin Tin, Milú (cãozinho tipo IG? Yorkshire?? Poodle??? ), Capitão Haddock, Professor Girassol, os detetives Dupont e Dupond e cia. saíram dos quadrinhos belgas para a TV. Com uma imaginação mais fértil que massapê, os roteiristas do desenho levaram o aprendiz de Sherlock Holmes, Braddock e sua trupe aos quatro cantos do globo, à lua e a duelos com tipos como zumbis, piratas, incas, nazistas e toda sorte de facínoras do crime. Com mil trovões, macacos me mordam!
Se você somar todas as temporadas dos seriados 'teen' feitos nos últimos tempos, talvez dê para comparar com um capítulo de Anos Incríveis. Talvez. A abertura dos Beatles (vídeo a seguir), o clima anos 70, a família desajustada, as descobertas que vêm junto com os pêlos secretos, o amor-amizade de Kevin por Winnie Cooper... Tudo jogava a favor da série, ao lado de Rá-Tim-Bum a maior bola dentro que a Cultura deu nos 90's. Pena que os atores cresceram, e ela não tenha ido além da 6ª temporada.
Fred 'Arnold' Savage: algumas pontas e diretor de Hannah Montana
Josh Saviano e Marilyn Manson: não, o Paul não é o Anticristo
Danica 'Winnie' McKellar, atriz e modelo. Uh-la-lá!!!
Melhores momentos do último capítulo