16 de mar. de 2008

Sobre Sementes e Embriões

Banco Mundial de sementes de Svalbard, na Noruega

HÁ POUCO MAIS de dez luas, a discussão em torno da continuidade dos estudos com as células-tronco no Brasil tomou conta das principais colunas jornalísticas, das ONGs ambientais e das salas de aula de cursos como Jornalismo, Biologia e Engenharia Ambiental. Estava nas mãos dos juízes a decisão de prosseguir ou não com as pesquisas utilizando embriões humanos, a fim de buscar a cura de doenças 'comuns', como a diabete, e de mazelas mais complicadas, caso do câncer e das variações de lesões neurológicas.

De um lado, os cientistas ancorados pelos progressistas e jovens pediam pela não-intervenção do Supremo Tribunal Federal nos estudos, que tiveram uma injeção de 2 milhões de reais nos últimos dois anos. Se é para curar enfermidades e alongar a vida de muitos, que continuem, oras!

Do outro, a Igreja e os defensores da 'lei natural das coisas', os filhos e netos de Darwin. Os mesmos que atacaram as Dollys e grande parte das atividades científicas que brincam de Deus. "A vida começa a partir do momento da concepção; não é justo matar para curar", dizem os reacionários. Usar as células-tronco de embriões é o mesmo que tirar um sem-número de vidas para atividades que não se sabe onde vão dar, além de inverter a tal da ordem natural das coisas.

CORTA PARA SVALBARD, arquipélago norueguês ao pé do pólo norte. Lá, a 18º abaixo de zero e 70 metros de profundidade, a ONU tocou a construção de uma mega arca (orçada em US$ 9 milhões), para guardar sementes. O Banco Mundial de Sementes, como foi chamado, abrigará 2 bilhões de sementes das mais variadas espécies cultivadas pelo homem. A justificativa da incomum latitude da Bat-Caverna do Pinguim é que lá, além das sementinhas estarem protegidas de catástrofes naturais e de guerras nucleares (uou!), o futuro do trigo, da ervilha e da cevada estará garantido por ao menos 10 mil anos.

...

Duas situações aparentemente desconexas, mas que estão mais ligadas que um mero cidadão daqui de Nova Piripiri pode imaginar. O que está em jogo para se preservar e priorizar: a semente ou o embrião? Num planeta que vê sua população se multiplicar em proporções coelhais, é realmente necessário prolongar vidas que, ao fazerem a passagem, equilibram a conta final? E quem será que estará abrindo a Bat-Caverna depois de baixar a fumaça das explosões e da fúria da Mãe Natureza se abrandar?

Está mais do que na hora de discutir o assunto. Assim como o referendo do desarmamento levou a questão do porte de armas a todas as castas da população em 2005, o governo poderia abrir o debate a respeito dos estudos feitos com as células-tronco (ainda que seja, como foi há três anos, uma ação simbólica). Afinal de contas, é a partir dessas pesquisas que se pode estar tirando a vida de novos Pelés, ou curando definitivamente as mazelas de tantos Mohammads Alis por aí.


2 comentários:

Anônimo disse...

Hmmm... Assunto pra mais de metro esse, hã?!

Amamnhã às quatro na lanchonete?

Anônimo disse...

Viva Ali!!!!!!!!!!!!

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