14 de mar. de 2009

Meu pé direito

NO ANTOLÓGICO 'MEU PÉ ESQUERDO', primeiro filme que me mostrou a diferença entre um bom ator e um paranormal, Daniel Day-Lewis sofre de uma paralisia cerebral que lhe tolhe todos os movimentos. A exceção é seu pé esquerdo, que, imune à doença, o torna um célebre pintor e escritor.

Um pequeno detalhe que determina uma história. Assim como o calcanhar acabou por condenar o valente Aquiles à morte, o pé esquerdo do irlandês Christy Brown (sim, a história é real como os pêlos de seu suvaco) acariciou as asas de seu destino, alçando-o à condição de herói nacional.

Isso tudo é para dizer que, na última quarta-feira, engessei meu pé direito pela sexta vez. Hábil com a bola e extremamente desastrado na hora de meus trotes e galopeios, ele é o inimigo número 1 das calçadas. O infeliz já torceu tantas vezes que, na hora de meter a raio-X naquela tevezinha reluzente, os médicos logo percebem suas inusitadas curvas exclusivas.

Ao contrário das outras ocasiões, desta feita não foi o futebol, a cama elástica ou a corrida para pegar o busão que passou batido pela miopia. Graças a uma frieira entre os dedos, uma bactéria lazarenta entrou pelo solado e se alojou naquela bolinha que fica logo atrás do dedão.

Estupidamente, tirei tênis e meia e comecei a andar descalço na escola, para deixar o pé respirar. A patota da bactéria se aproveitou de minha inocência para juntar-se a ela e formar uma bolota de pus ao redor da bolinha, o que causou uma dor insuportável, comparável apenas a hits como enxaqueca, bolada no saco e unha encravada.

Incapaz de encostar a bolinha empuzada no chão, comecei a fazer o saci até parar na sala do médico. Depois de analisar minha situação desfavorável, doutor recomendou uma boa rodada de antibióticos e 10 dias de gesso. E lá fui eu para a salinha perfumada realizar o hexa-engessamento do meu pé direito.

De volta pra casa, me pus a pensar sobre todo esse negócio de destino. Sim, porque além da incrível coincidência de ser sempre o mesmo pé a foder com a minha vida me deixar na mão, ainda estou na vibe espírito-astral do Slumdog Millionaire.

Afinal, o que meu pé direito tá querendo me dizer? Será que ele quer tocar cavaquinho, violão ou harpa? Talvez pintar uma obra de arte, daquelas de fazer geral me enxergar como um prodígio psicografista! Ou então que, depois do banho, é recomendável passar a toalha entre os dedos.

Algo me diz que lá embaixo tem gente armando a festa de rumo ao hepta...




5 comentários:

Anônimo disse...

Ta-di-nhoooooooo... ta precisando de uma enfermeira, jo-jo?

Anônimo disse...

Eeeeeee pé de valsa!!!
Ta cortado do futibas de terça, então. Fica na torcida???

Unknown disse...

vai pintar a Guernica então é?

Anônimo disse...

Racheiiiiiii de rir!!!

Anônimo disse...

Muuuuuito engraçado, viu dona Mari???

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