NESSE CARNAVAL TIQUEI mais um ítem da minha listinha de coisas muito legais para se fazer nessa breve e emocionante passagem darwinianamente chamada de vida. Descolei uma fantasia de última hora e, acompanhada da sempre-festeira senhora Marley, desfilei no Anhembi.
Cresci ouvindo que não há paralelo de emoção comparável a entrar na Avenida, e nesse sábado pude dar meu veredicto (confesso que quando o Santos faz gol a carga de adrenalina descarregada chega perto).
Mesmo com mais de 3 mil pessoas desfilando, a impressão que se tem é que toda a arquibancada e jurados voltam os olhos para você. A vontade de dar uma cambalhota e mostrar as tetas foi grande, mas em respeito aos colegas acabei me controlando e colaborando com a Harmonia e Evolução da escola.
Ao contrário do que imaginava, a fantasia é levinha e não incomoda tanto. E o desfile, apesar de durar mais de uma hora na tevê, é vapt-vupt. Quando tava quase decorando o samba-enredo da escola, já contava meus últimos passos. Pelo cronômetro da mocinha da minha ala, coisa de 10 a 11 minutos.
Por falar em ala, você sabia que existem muitas inteiramente formadas pelo mesmo grupo de pessoas, que saem juntas há anos? São amigos, namorados, amantes e famílias inteiras que abrem mão de viajar para desfilarem juntas e acompanhar as concorrentes uma a uma, apontando cada mínimo defeito nas apresentações e contando as horas para a aguardada apuração final.
E você pensa que Carnaval é só coisa de homens saradões e mulheres gostosas de tapa xana? Nada disso. Do meu restrito campo de visão esquadrinhei o sambódromo e encontrei um punhado de gordinhos suados, carecas de bigode à lá Márcio Canuto, vovós com samba no pé e um sem número de crianças, tanto nas arquibancadas quanto fantasiadas, cientes de seu importante papel para a classificação final de sua escola.
E olha, daqui de Nova Piripirí não dava para ter idéia de como as escolas levam o Carnaval a sério. É um ano inteirinho de trabalho duro, que vai da composição do samba-enredo à confecção de fantasias e carros alegóricos, minimamente revisados pelos staffs das escolas.
O trampo começa em Março do ano anterior e acaba só na hora do desfile, quando a equipe de apoio flutua por entre as alas para consertar as fantasias capengas e incentivar cada folião, com uma expressão nos olhos que irradia alegria e paixão por fazer parte de uma entidade acalentadora e familiar como é uma escola de samba.
A propósito, pé de fumaça que sou, eu debutei no Anhembi vestindo as cores da Mocidade Alegre, a grande campeã do Carnaval de São Paulo. Aproveito para agradecer e parabenizar a todos da escola, que literalmente colocou o coração na Avenida para conquistar o 7º título de sua belíssima história.
Para quem curte um partidão alto-astral, aí vai o samba-enredo da gloriosa Morada do Samba, que a essa hora deve estar fazendo todo o Limão vir abaixo.
Aê Pentelhada, essa é pra vocês!
*As imagens acima foram captadas pela equipe da Future Press e estão veiculadas aqui, ó.
HOLLYWOOD A-D-O-R-A uma historinha de redenção, de superação, de última bala no cartucho da vida para soltar o gatilho e dar a volta por cima. Se o protagonista da lavada de égua for uma estrela decadente e beirando a tosquice, então... até vira sério candidato a vencedor do Oscar.
Não à toa, Sylvester Stallone e Nicholas Cage foram convidados para fazer o papel que caiu no colo de Mickey Rourke, a ovelha negra que nas mãos do brilhante Darren Aronofsky se tornou o Carneiro mais festejado do cinema.
O LUTADOR ('The Wrestler', 2008) Drama, 115 minutos.
Site Oficial: clique aqui! Direção: Darren Aronofsky Roteiro: Robert D. Siegel Com: Mickey Rourke, Marisa Tomei e Evan Rachel Wood
Resuminho: Randy 'Carneiro' Robinson (Rourke) é uma ex-estrela de luta livre que, após duas décadas de fama e glória, se sustenta através de lutas em um circuito alternativo e bicos que faz em um mercado local. Após um combate, Randy sofre um infarto e, depois de uma cirurgia, é informado que corre risco de morte se voltar a lutar.
Assustado e deprimido, ele passa a dividir sua angústia com uma stripper (Tomei), que o ajuda a retomar o contato com Stephanie (Wood), a filha há anos abandonada por ele. Dividido entre um passado de glória e um futuro incerto, Randy se vê pressionado a retornar ao ringue para uma importante revanche que pode mudar a sua vida.
♠ Bastidores:
*Nicolas Cage era a escolha original do diretor Darren Aronofsky para interpretar Randy Robinson, mas o ator deixou o projeto devido a diferenças criativas; *Após a recusa de Nicolas Cage, Darren Aronofsky tentou convencer Sylvester Stallone a interpretar o personagem. O ator não pôde aceitar o convite por estar ocupado com Rocky Balboa; *Todas as filmagens ocorreram em 35 dias; *O orçamento de 'O Lutador' foi de módicos US$ 7 milhões; *Por conta do orçamenhto restrito, Mickey Rourke e o cantor Bruce Springsteen não foram pagos por suas participações em 'O Lutador'; *Devido também ao pequeno orçamento disponível, Axl Rose cedeu o uso da música 'Sweet Child of Mine' na faixa; *A Fox Searchlight Pictures adquiriu os direitos de distribuição de 'O Lutador' por US$ 4 milhões, no Festival de Toronto 2008.
Principais Prêmios: Além de faturar o Leão de Ouro, no Festival de Veneza, ganhou dois Globos de Ouro - categorias Melhor Ator (drama) e Melhor Canção Original ('The Wrestler') - e recebeu duas indicações ao Oscar, nas categorias de Melhor Ator (Mickey Rourke) e Melhor Atriz Coadjuvante (Marisa Tomei).
Por que assistir: Confesso que saí do cinema com uma pontinha de marra, já que esperava por um filme com mais pegada, golpes, aquela luta final avassaladora... uma espécie de Rocky Balboa, que com o respaldo dos prêmios conquistados pelo mundo e da câmera esperta de Aronofsky se tornaria um clássico instantâneo.
No entanto, para o bem e para o mal, 'O Lutador' vai na contramão de tudo isso. A grande luta aqui é Randy Ram x Vida - como diz o pôster acima, o único adversário que pode nocauteá-lo. E quando você não cuida dela direito, oh boy... a vida bate forte.
A atuação de Mickey Rourke no papel dele mesmo é brilhante, Tomei e Rachel Wood fazem valer o cachê e a trilha sonora - capitaneada pela primorosa 'The Wrestler', absurdamente preterida do Oscar - é o verdadeiro ator coadjuvante desse filme quase experimental.
Avaliação: @@@ É, LEGALZINHO...
Trailer:
*Avaliação: @@@@@ = IMPERDÍVEL!!!!! @@@@ = FILMAÇO! @@@ = É, LEGALZINHO... @@ = PRA PASSAR O TEMPO @ = NÃO VALE O INGRESSO.
PODEM CHORAR, criticar, resmungar, ruminar. Contra todos os preceitos da 'qualificada crítica de cinema', 'Slumdog Millionaire', o mais bem encadeado festival de clichês da história recente do cinema, foi o grande vencedor do Oscar 2008. Com 8 estatuetas arrebatadas, o filme entra para os anais da cerimônia e coloca definitivamente a Índia no olho do furacão cinematográfico.
O teatro Kodak, palco da festa comandada por um anfetaminado Hugh Jackman, assistiu a uma verdadeira invasão bollywoodiana. Danny Boyle, que levou o Oscar de Melhor Diretor, não cabia em si a cada vez que um do seu staff subia ao palco para receber o prêmio e discursar com aquele sotaque ininteligível, no melhor estilo Borat.
Para mostrar seu entrosamento com a equipe do filme e desmentir os boatos de maus tratos com as crianças, o diretor do cultuado 'Trainspotting' fez questão de levar todos os atores do elenco central para a cerimônia. Eles brincaram, cantaram, discursaram (em inglês) e realizaram o sonho de tirar uma foto ao lado da desprovida de talento Meryl Streep, que concorreu a uma estatueta pela 16ª vez.
Como eu imaginava, a despeito das impecáveis atuações de Mickey Rourke ('O Lutador'), Frank Langella ('Frost Nixon') e Brad Pitt ('Benjamin Button'), Sean Penn ficou com o careca de Melhor Ator por seu magnífico Harvey Milk. O filme levou de quebra o prêmio de Melhor Roteiro Original, entregue com muita justiça ao talentoso Dustin Lance Black.
Com apenas 34 anos, Black foi o autor do mais rico discurso da noite - relembrando a importância de Milk para a conquista dos direitos das minorias e empunhando a bandeira da igualdade entre as pessoas de diferentes orientações sexuais.
Depois de ficar com cara de cu de mãos abanando 5 vezes consecutivas, Kate Winslet foi na bola de segurança - filme sobre o Holocausto - e desbancou a inigualável Meryl, a elegantérrima Angelina e a encantadora Anne Hatthaway para enfim conquistar o Oscar de Melhor Atriz por sua festejada atuação em 'O Leitor'.
Penélope Cruz, almodovariana até o talo no papel da amável psicopata Maria Helena no subestimado 'Vicky Cristina Barcelona', ficou com o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante.
No momento mais emocionante da noite, a família de Heath Ledger subiu ao palco para receber a merecidíssima estatueta de Melhor Ator Coadjuvante (por que não principal?), por seu antológico Coringa em 'Batman, O Cavaleiro das Trevas'. Com um discurso sóbrio, apesar de toda a carga emocional do momento, os pais e a irmã do falecido ator australiano levaram o público às lágrimas e a uma comovente salva de palmas de quase 1 minuto.
Nos prêmios técnicos, três para o injustiçado da noite 'Benjamin Button' e cinco para o Favelado Milionário, com direito a trilha sonora ao vivo, dancinha indiana e odes apaixonados à terra do Ganesha.
Um exagero da Academia? Há controvérsias... Mas tudo leva a crer que Hollywood aponta para produções descomplicadas e acessíveis a todos - vide sucesso de bilheteria dos últimos rebentos da Globo Filmes.
A listinha com todos os vencedores você confere aqui.
UMA HISTÓRIA DE AMOR aparentemente impossível, abuso e exploração do trabalho infantil, tortura física para arrancar uma verdade que não existe, jogo de perguntas e respostas com prêmio em dinheiro, flashbacks que ilustram passagens imprescindíveis. Resumindo: um festival de clichês amparados por uma direção fantástica, uma montagem primorosa e uma mensagem extremamente feliz.
Saldo final? 8 Oscars (incluindo Melhor Filme e Direção), e o mundo aos seus pés.
QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO? ('Slumdog Millionaire', 2008) Drama, 120 minutos.
Site Oficial: clique aqui! Direção: Danny Boyle ('Trainspotting', 'A Praia') Roteiro: Simon Beaufoy, baseado no livro de Vikas Swarup Com: Dev Patel, Freida Pinto, Madhur Mittal, Arfi Lamba, Ayush Mahesh Khedekar e Azharuddin Mohammed Ismail
Resuminho: Jamal Malik (Patel) é um jovem que trabalha servindo chá em uma empresa de telemarketing. Com uma infância pobre e difícil, Jamal e seu irmão passam por maus bocados até chegarem às suas antagônicas profissões. Agora, para mudar de vida e ter a chance de reencontrar sua grande paixão, Jamal se inscreve no popular programa de TV "Quem Quer Ser um Milionário?". Desacreditado pelo apresentador, ele encontra em momentos de sua vida as respostas para as perguntas feitas.
♠ Bastidores: *Os cachês dos três atores mirins que protagonizam o filme foram depositados em um fundo, para que sejam apenas retirados quando completarem 16 anos. Além disso, os produtores se responsabilizaram pela contratação de um motorista que os levará ao colégio todos os dias até que cheguem a essa idade; *Cerca de 20% dos diálogos do filme são na língua hindu; *O ator que autografa a foto para Jamal ainda criança é o verdadeiro Amitabh Bachchan, astro que apresentava a versão indiana do programa de TV "Quem Quer Ser um Milionário?"; *A poça de fezes exibida no filme foi feita através de um combinado de manteiga de amendoim com chocolate; *O orçamento de 'Quem Quer Ser um Milionário?', que até o momento faturou US$ 150 milhões, foi de módicos US$ 15 milhões.
Prêmios: Além dos 4 Globos de Ouro, nas categorias de Melhor Filme (drama), Melhor Diretor, Melhor Roteiro e Melhor Trilha Sonora, Slumdog faturou 8 Oscars: Filme, Direção, Roteiro Adaptado, Fotografia, Edição, Trilha Sonora, Canção Original e Mixagem de Som.
Por que assistir: Muitos críticos classificam 'Slumdog' como um Cidade de Deus piorado. Outros dizem que é um Caçador de Pipas minimalista e superficial. Na minha humilde opinião, o filme de Danny Boyle, além de explorar o que a dupla tem de melhor, traz uma mensagem muito mais otimista e honesta, por ser universal e atemporal. Que me desculpem os 'especialistas', mas esse é um filme feito para o mundo, e não para vocês.
Jamal (magistralmente interpretado nas 3 fases de sua vida) não acerta as perguntas do Show do Milhão indiano por ter um altíssimo Q.I., ser CDF ou um exímio leitor. Seus êxitos se devem a uma (curta) vida vivida sem medo e com intensidade pulsante, que acabou lhe servindo como uma escola exigente e dolorosa.
Com confiança e persistência invejáveis, o garoto vai até as últimas consequências para realizar seu único sonho, rechaça a idéia de que a felicidade é uma questão de sorte e mostra, com sua humildade malandra, que ainda somos donos da pena que traça os nossos destinos.
Avaliação: @@@@@ IMPERDÍVEL!!!!!
Trailer:
*Avaliação: @@@@@ = IMPERDÍVEL!!!!! @@@@ = FILMAÇO! @@@ = LEGALZINHO... @@ = PRA PASSAR O TEMPO @ = NÃO VALE O INGRESSO.
NESSA VIDA JACK JOHNSON que levo, é cada vez mais raro algo me tirar do doce embalo da marola para me colocar no sério. Injustiças, falsidade e violência são bons motivos para largar o violão. Fura-filas, cambistas e gol roubado, também. Mas não há nada que se compare àquela pergunta, feita sem nenhum tipo de consulta mental prévia e com a ânsia comunicacional que assola a galera que vive na correria:
- E AÍ, 9DADES?????
O aperreio já começa pelo nove do trocadilho esperto, na pegada do 'tudo bem com vo6?' e do 'friends 4ever'. Depois, por que raios temos sempre que fornecer notícias novas? Ô catso! A não ser que você esteja se redescobrindo a cada minuto de sua vida ou fazendo de cada refeição um acontecimento, novidades não brotam assim, da privada. O jeito é dar aquela resposta amarela de praxe...
Pootz, nem tenhu... Tudu na mesma, meooo!
O mais incrível é quando as pessoas repetem a pergunta, mesmo tendo falado com você há pouco mais de meia hora:
Sim, tenho novidades. Fui no banheiro fazer cocô!
Tá, vai, posso estar exagerando um pouco (a posição dos astros hoje não está muito favorável pra mim). Mas experimente prestar mais atenção aos diálogos. Boa parte deles já vem com um pacote de perguntas embalado, da boca pra fora, espelho com espelho.
Vamos às benditas novidades, pois bem. Vamos falar do casamento da Sandy, do próximo Big Brother, do show da Madonna. Vamos falar mal do Dunga, do Lula e do Brasil, esse país de preguiçosos. Vamos falar da próxima novela das 7, desse tempo maluco que não se decide, das próximas eleições que - veja só - já estão aí.
Enquanto isso, segredos, desejos e confissões seguem enclausurados, à espera do próximo divã - ou das salas de bate-papo. Complexos e quase obsoletos, eles exigem lugar e hora marcada, coisa que scraps, mensagens de celular e elevadores não permitem.
ESCOLHI WILBUR ASSIM, por simpatizar com o nome. Mas pode ser Melvin, Charles, Johan, Dilbert ou qualquer outro que se encaixe em sua história.
Wilbur cresceu com o estigma de patinho feio da turma. Por causa de sua lancheira, óculos espessos e aparelho nos dentes, mal colocou a botinha pra fora de casa e já se tornou o pé de pano da galera, o freak, o weirdo.
Quando criança, teve que aturar apelidinhos maldosos, risadinhas debochadas e a vergonha de ser sempre o último a ser escolhido para o time - mesmo calçando sua chuteira polida e usando seu meião listrado com um W estrategicamente bordado pela avó.
Afeito a livros e números, não tinha muitos assuntos para botar nas rodinhas, e quando o papo era sobre garotas, seu coração ia na boca só de imaginar uma delas dirigindo-lhe a palavra. Enquanto seus 'amigos' caprichavam no gel, no brinco e no beijo francês, Wilbur se contentava com sua coleção Vagalume, o gibi do Tio Patinhas e as estrelinhas que ganhava da professora nas provas, coroando mais um dez. Na calada da madrugada, iniciava uma linda amizade com seu parceiro secreto, externando desajeitadamente o desejo alojado em seu inconsciente.
Com o passar das luas a sorte, que até então fechava a cara para o garoto, resolveu abrir-lhe um sorriso. Como num passe de mágica, tudo que era motivo de chacota tornou-se um plus. Num mundo onde as pessoas universalizaram seu jeito de parecer, Wilbur se destacou. Como diferente, passou a ser admirado por sua autenticidade e pioneirismo no linguajar, nos hobbies e até na moda, o danado.
Se antes seus cabelos desalinhados eram um ninho de passarinho, hoje são charmosos, e estão super in. A camisa larga e a calça xadrez, que chamavam de pijama, virou uniforme dos descolados. E o óculos grandão - veja só - caiu no gosto da galera cool e das badaladas grifes Depp e Pitt.
Até o jeitinho tímido e a voz fina e esganiçada, imitados pelos primeiros a ser escolhidos para o time, viraram traços de sua personalidade única. Agora ele é um homem sensível, sincero e romântico - muito diferente de outros que estão aí na praça, rebolando para compensar com academias e best-sellers da Veja a falta de autenticidade e amor próprio.
É, Wilbur, o mundo dá voltas, meu rapaz. O mesmo garotinho que tinha vergonha de cantar seus parabéns, de ler gibis em público e de participar da salada mista, hoje caminha de peito estufado pelas ruas de mãos dadas com uma de suas admiradoras, observando o mundo se render às suas criações.
Humilde, gostosão e cheio de si, tal qual um compositor anônimo que sorri orgulhoso ao ouvir as pessoas assobiarem uma de suas canções.
E EIS QUE, em plena sexta-feira 13, me deparo com essa aterrorizante notícia do príncipe do pop. Infecção altamente contagiosa que devora pedaços do rosto e pode ser fatal?
DAÍ QUE NO COMEÇO da semana passada divulgaram essa até então impensável imagem de Michael Phelps com a boca na botija - ou melhor, no bong (espécie de tubo de ensaio turbinado que potencializa o pega no cigarrinho do capeta).
Tirada em novembro de 2008 numa animada festinha de república, a foto teve tudo para ir para o limbo junto com tantos outros 'podres' de tantos outros figurões do bom-mocismo do show business. Acontece que, mesmo com o e$forço dos assessores do nadador para sumirem com a prova do crime, os amigos da onça optaram por foder fritar o homem-peixe em óleo público.
Não deu outra: em poucas horas, o mundo inteiro reverberou a cena, e boa parte dos críticos que o endeusaram pelos 9 ouros nas últimas Olimpíadas pegaram o estilingue e emendaram, do alto de sua empáfia, todo aquele ode à hipocrisia que permeia situações como esta.
A federação americana de natação fez a sua parte e, com uma mensagem de desapontamento pelo mau exemplo dado para as crianças, proibiu Phelps de chegar perto das piscinas por 3 meses. A Kellogg's, por sua vez, tratou de tirar imediatamente o nadador do time do Tony, alegando que 'o comportamento do atleta não condiz com sua imagem'.
Acompanhando os F5 das notícias phelpianas, fui lembrando de casos semelhantes - como o dos banza boys Giba e Marcelo Antony e das cenas de piranhagem paixão esplícita protagonizadas pela colegial Vanessa Hudgens e a pós-graduada Paris Hilton.
Em todas elas, a 'opinião pública' entrou em polvorosa por uma simples exposição de intimidades, colocando-se acima do Papa para condenar aqueles que vão contra os bons costumes da sociedade. Como se nunca tivessem, em algum momento da vida, apertado o dedinho do gorila, espiado na fechadura do banheiro ou comido aquela caquinha apetitosa que, pô, não tinha onde grudar.
Não sou da turma do Planet Hemp, e meu voyeurismo se restringe aos paredões do Big Brother. Mas confesso que, ao me deparar com Phelps de bonezinho ali, na boa, fiquei até aliviado. Afinal de contas, um grande campeão não se faz apenas de 10 horas de treinos diários, alimentação ultra-balanceada e um calçãozinho de pele de tubarão.
Às vezes precisamos de um 'bong' para tirar a pressão do dia-a-dia, desgrudar os pés da realidade e lembrar que pouco importa o número de ouros que trazemos no peito - se a vitória passar muito longe do amor e da loucura, simplesmente não tem graça.
A GENTE BEM QUE TENTA esconder essas coisas assim, meio... alternativas por vergonha alheia, conveniência ou mania besta mesmo. Podemos até tentar camuflar, mas é sem jeito: lá no fundo curtimos um bocado de coisas mal vistas pelos manuais da boa formação de opinião.
Eu, por exemplo, voto no Maluf, sou devoto de São Paulo Coelho e sei o nome até da coruja do Harry Potter. Assisto Vale a Pena Ver de Novo, Chaves, Márcia Goldschimidt e, tcha-raaan..... Big Brother Brasil!
E foi justamente espiando a casa mais vigiada do país que me deparei com uma cena nada corriqueira no histórico do programa. Ao invés de estarem malhando na acadimia, brincando de cheira checa briga de galo na piscina ou sondando bundas e votos para o paredão, os 'guerreiros' estavam todos à frente de uma tela na sala comunal. Fazendo? Observando 3 dos participantes quase surtarem dentro de um cubículo branco acolchoado, de onde só poderiam sair de duas formas:
1. Se o indicado pelo trio fosse eliminado no paredão de 30 horas depois; 2. Se um dos três tocasse a sirene que se encontrava no meio do claustrofóbico recinto - o que faria com que o amarelão saísse do quarto e também da casa.
Sufocado emocional e psicologicamente, Léo jogou a toalha e saiu do programa, sem ter sequer a chance de se despedir de seus roomates. Tom e Ralf saíram do quarto abalados e contaram aos outros, com lágrimas nos olhos, o que acabara de acontecer. Pegos de surpresa, os participantes ficaram inconformados com o aquecimento global, que desde o início da atual edição faz de tudo para ver a casa a pegar fogo.
Corta para Bial, que com aquela cara de morcego pederasta, avisa a nave BBB que pópará com o Festival da Boa Vizinhança: isso aqui é um jogo, e não uma colônia de férias. Adeus Melrose, olá House! Para o delírio dos 10 milhões de voyeuristas que gostam mesmo é de ver uma lona fumegando, o Big Brother deixou de lado o padrão Globo de previsibilidade e bom mocismo para ganhar uma generosa pitada de tabasco.
Não conta pra ninguém, mas parece que o Flora way of life não deixou saudades só nos telespectadores. Né não, Bonifácio?
MANJA QUANDO VOCÊ vai ao cinema pegar um filme sem expectativa nenhuma, e quando as luzes se acendem fica tão embasbacada que permanece sentada por mais uns 5 minutos, só olhando os letreiros subirem?
Pois foi o que aconteceu comigo nesse domingo, quando tive o prazer de assistir o grande favorito ao Oscar 2009.
O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON (2008) Drama, 166 minutos.
Site Oficial:clique aqui! Roteiro: Eric Roth e Robin Swicord, baseado na história de F. Scott Fitzgerald Direção: David Lynch ('Seven' e 'Clube da Luta') Com: Brad Pitt, Cate Blanchett, Tilda Swinton, Jason Flemyng e Taraji P. Henson
Resuminho: Nova Orleans, 1918. No dia em que declaram o fim da I Guerra Mundial, Benjamin Button (Pitt) nasce de forma nada comum: todo enrugado e com doenças típicas de uma pessoa com um pé na cova e outro na casca de banana. No entanto, ao invés de envelhecer com o passar do tempo, Button vai ficando cada vez mais novo, o que lhe dá uma visão de vida e de mundo completamente diferente. Ainda criança (7 anos com cara de 70), ele conhece Daisy (Blanchett), por quem se apaixona à primeira vista. A partir daí o tempo dita o ritmo do filme, até que o casal alcance inversamente a mesma idade e possa viver seu improvável e perecível amor.
♠ Bastidores:
*O conto de F. Scott Fitzgerald, no qual O Curioso Caso de Benjamin Button foi baseado, foi inspirado na célebre frase de Mark Twain: "A vida seria infinitamente mais feliz se pudéssemos nascer aos 80 anos e gradualmente chegar aos 18"; *Na década de 90, Steven Spielberg esteve cotado para dirigir este filme, com Tom Cruise como protagonista; *Em 1998, Ron Howard ('Uma Mente Brilhante', 'Frost Nixon') esteve cotado para dirigir o filme, com John Travolta como protagonista; *Spike Jonze ('Adaptação', 'Quero ser John Malkovitch') foi outro que esteve cotado para assumir a direção do filme; *Rachel Weisz foi sondada para interpretar Daisy, mas não pôde aceitar o papel devido a conflitos de agenda com outros filmes em que estava comprometida; *Pitt, que se envolveu tanto com o filme que chegava a levar seus filhos às gravações, precisava de 5 horas diárias para concluir a maquiagem necessária para viver o velho Button; *O orçamento de O Curioso Caso de Benjamin Button foi de módicos 150 milhões de dólares.
Indicado ao Oscar em 13 categorias: Filme, Diretor, Ator (Brad Pitt), Atriz Coadjuvante (Taraji P. Henson), Roteiro Adaptado, Direção de Arte, Fotografia, Figurino, Maquiagem, Edição, Trilha Sonora, Som e Efeitos Especiais.
Por que assistir: Se de alguma forma Forrest Gump mexeu com você, de certo CCBB vai bater forte por aí. Assim como no clássico de Tom Hanks, aqui temos uma história de amor improvável permeada por importantes acontecimentos da história americana, retratadas com sobriedade e brilhantismo por Eric Roth, dono da pena que escreveu os dois roteiros.
Os efeitos especiais são inacreditáveis, a maquiagem literalmente irretocável e as atuações do trio Pitt-Blanchett-Henson são simplesmente assombrosas. São quase 3 horas que passam como um recreio de sexta-feira, proporcionando um híbrido de amor pela vida, pavor da morte e saudades daquela ânsia de jogar tudo pra cima e correr atrás dos sonhos encostados.
Quer saber? Se CCBB não levar no mínimo meia dúzia desses carecas, mudo no ato meu nome para Holly Botão.
Avaliação:@@@@@ IM-PER-DÍ-VEL!!!!!
Trailer:
*Avaliação: @@@@@ = IMPERDÍVEL!!!!! @@@@ = FILMAÇO! @@@ = LEGALZINHO... @@ = PRA PASSAR O TEMPO @ = NÃO VALE O INGRESSO.
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