Requentar é viver: A hora e a vez de Wilbur, o nerd
ESCOLHI WILBUR ASSIM, por simpatizar com o nome. Mas pode ser Melvin, Charles, Johan, Dilbert ou qualquer outro que se encaixe em sua história.
Wilbur cresceu com o estigma de patinho feio da turma. Por causa de sua lancheira, óculos espessos e aparelho nos dentes, mal colocou a botinha pra fora de casa e já se tornou o pé de pano da galera, o freak, o weirdo.
Quando criança, teve que aturar apelidinhos maldosos, risadinhas debochadas e a vergonha de ser sempre o último a ser escolhido para o time - mesmo calçando sua chuteira polida e usando seu meião listrado com um W estrategicamente bordado pela avó.
Afeito a livros e números, não tinha muitos assuntos para botar nas rodinhas, e quando o papo era sobre garotas, seu coração ia na boca só de imaginar uma delas dirigindo-lhe a palavra. Enquanto seus 'amigos' caprichavam no gel, no brinco e no beijo francês, Wilbur se contentava com sua coleção Vagalume, o gibi do Tio Patinhas e as estrelinhas que ganhava da professora nas provas, coroando mais um dez. Na calada da madrugada, iniciava uma linda amizade com seu parceiro secreto, externando desajeitadamente o desejo alojado em seu inconsciente.
Com o passar das luas a sorte, que até então fechava a cara para o garoto, resolveu abrir-lhe um sorriso. Como num passe de mágica, tudo que era motivo de chacota tornou-se um plus. Num mundo onde as pessoas universalizaram seu jeito de parecer, Wilbur se destacou. Como diferente, passou a ser admirado por sua autenticidade e pioneirismo no linguajar, nos hobbies e até na moda, o danado.
Se antes seus cabelos desalinhados eram um ninho de passarinho, hoje são charmosos, e estão super in. A camisa larga e a calça xadrez, que chamavam de pijama, virou uniforme dos descolados. E o óculos grandão - veja só - caiu no gosto da galera cool e das badaladas grifes Depp e Pitt.
Até o jeitinho tímido e a voz fina e esganiçada, imitados pelos primeiros a ser escolhidos para o time, viraram traços de sua personalidade única. Agora ele é um homem sensível, sincero e romântico - muito diferente de outros que estão aí na praça, rebolando para compensar com academias e best-sellers da Veja a falta de autenticidade e amor próprio.
É, Wilbur, o mundo dá voltas, meu rapaz. O mesmo garotinho que tinha vergonha de cantar seus parabéns, de ler gibis em público e de participar da salada mista, hoje caminha de peito estufado pelas ruas de mãos dadas com uma de suas admiradoras, observando o mundo se render às suas criações.
Humilde, gostosão e cheio de si, tal qual um compositor anônimo que sorri orgulhoso ao ouvir as pessoas assobiarem uma de suas canções.
12 comentários:
Ah, mas as cicatrizes da infância dóem, viu... =P
BJ Wilbur?????
=D
eh auto?
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tah aih! gostei.... tem algumas pessoas por aqui q deveriam ler este post...
véri bom!
eu quero um willlll!!!!!
Adoro um nerd... =/
Fazer o q? rsrs
Eu tb gosto mariiii!!!!!
D+ da conta.
Brand... tava com saudades de vc...
vc arrasou no texto logico né? como sempre, um nerd de vez em qdo e bom...
bjos
Continuo amando nerd...
Por que será que este texto me soa tão familiar? Talvez porque eu tenha convivido com as mesmas situações (detalhe: eu já nem participava da escolha do time, porque nunca era escolhida mesmo... rsrs)
Mas a realidade é que, realmente, depois da temida fase colegial, nossas esquisitices são percebidas de maneira diferente pelo mundo. Viram peculiaridades, diferencial.
Sem contar que os nerds sempre ficam mais bonitos e charmosos a medida que envelhecem (modéstia mode: OFF.)
Parabéns pelos seus textos. Ganhaste uma leitora assídua!
(este post combina muitíssimo bem com Pleasant Valley Sunday, do The Monkees...)
Hally,
A trilha sonora desse post foi a 'Everyone else has had more sex than me', do This Is Serious Mum.
Eu tenho muito de Wilbur, e todos que conheci ao longo da vida estão bem d+++++ na fita. Quem diria!
Muito legal você compartilhar minhas palavras e impressões =)))))
Tem blog tb??
Bjin!
Olha o Brandonnnnnnnnnn...
lindinho do pai!!
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