21 de fev. de 2008

Zebra de Elite


Asterisco prefacial, oportuno para o post:

*Zebra: eqüino típico das savanas africanas, notável por sua coloração alvi-negra em forma de listras. Por conta desse chassi atípico, virou sinônimo de resultado inesperado, contrário aos prognósticos. É comumente usado no futebol e na loteria (no jogo do bicho tem praticamente um zoológico inteiro, mas não tem zebra).

SE AO BATER o olho na foto você ainda ficou em dúvida do que se trata, explico: o moço simpático de touca e cachecol é José Padilha, cineasta e diretor do excelente documentário 'Ônibus 174' e do polêmico e aclamado 'Tropa de Elite', filme que bateu todos os recordes de audiência e repercussão no Brasil em 2007. Ao lado dele, um ursinho dourado, justamente o prêmio mais cobiçado pelos indicados do Festival de Berlim, uma espécie de Oscar alternativo (para muitos, a única premiação realmente séria do cinema) .

Como as zebras felizmente não se restringem aos campos de futebol e às loterias, o cavalo cor-sim-cor-não resolveu dar o ar da graça na Alemanha. Padilha e sua trupe já se preparavam para retornar ao Brasil de cabeça baixa e mãos vazias ('Tropa' foi mal recebido no início, e o descaso com o filme era tamanho que a sessão feita para os jornalistas ocorreu sem tradução ou legendas em inglês, o que dificultou sua compreensão). Quando estavam comprando as passagens, eis que um telefonema da academia liderada pelo cineasta grego Costa-Gravas anuncia que o filme brasileiro havia ganhado um prêmio.

Um prêmio não - O prêmio. Ha-há! A zebra brasileira desbancou os puro-sangue 'Sangue Negro' e 'Happy-go-lucky' e arrebatou nada menos que o Urso de Ouro de melhor filme, prêmio maior da noite. José Padilha não cabia em si de tanta felicidade, e após os agradecimentos de lei à toda equipe e elenco, discursou:

"É a vitória do estilo brasileiro de filmar (...) Independente de terem ou não gostado do filme, o importante é o debate que ele causou."

Ponto para o diretor. Em premiações recheadas de filmes artísticos, técnicos, 'profundos' e metafóricos ao limite, nada como o olhar acalentador e a simplicidade de Fernanda Montenegro ('Central do Brasil' foi Urso de Ouro em 1998) e a fúria irrefreada de Wagner Moura Nascimento, para subverter a lógica e colocar a zebra novamente no olho do furacão.

Afinal de contas, a gente não quer só arte. A gente quer a vida, diversão e... E o quê, mesmo?



5 comentários:

Anônimo disse...

E sangue no olho!!!!!!

Anônimo disse...

Holly, seus textos estão cada vez melhores!!! Adoro seu estilo. Arrepiei em vários momentos do texto. Mostra patriotismo sem aquela visão romântica de Policarpo Quaresma hehehe
Beijos. Te amo. Saudades masterrrrr

Anônimo disse...

Prêmio merecido, desde Cidade de Deus.

Anônimo disse...

Gostei da zebra!!!!

Anônimo disse...

Pum, pum pum pum pum
TÁ DE BOBEIRA????????

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