Duas histórias, uma só pena
TALENTOSOS, CARISMÁTICOS, mulherengos, solidários, precoces. Surgiram para seu esporte aos 17 anos, quando os olhos de todos se voltavam a dois 'baixinhos' - um sorridente argentino naturalizado brasileiro e um marrento brasileiro chacal de argentinos.
Ligados a causas sociais, sempre fizeram questão de ajudar comunidades e entidades, daqui e do estrangeiro. Persistentes, enfrentaram contusões, rompimentos, torções, luxações e convulsões. Com sua pose de bons moços aliada à recente projeção e ao bom porte físico, tiveram em seu coração e em sua cama mulheres maravilhosas, das mais cobiçadas do planeta. Também por causa delas, deixaram sua outra paixão de lado, e viram seu reinado ser ameaçado.
Suportaram a dor - e as críticas conseqüentes - calados, como uma criança que é obrigada a engolir o choro no auge da injustiça a qual se vê acometida. Perseverantes e de bem com a vida, souberam dar a volta por cima e recomeçar, quantas vezes fosse preciso. Gelo, fisioterapia, alongamento, comida da mãe e divã foram ingredientes essenciais em sua escalada rumo ao topo, lugar que, com o passar dos anos, foi ficando cada vez mais distante para a dupla. Até virar inatingível.
O roteiro das vidas de Ronaldo Nazário de Lima e Gustavo Kuerten parece ter sido escrito pela mesma pena. Com carreiras repletas de altos além das nuvens e baixos no calor da picada do tridente, o dentucinho e o cabeludo chegam ao seu epílogo. Com a terceira década de vida recém-inaugurada, eles partem agora para a próxima etapa, trocando de vez o físico pelo psicológico.
Guga enfim vai poder pegar suas ondas sossegado, se dedicar aos projetos sociais de Santa Catarina e descobrir potenciais candidatos a número 1 do tênis mundial. E Ronaldinho, que poderá se tratar sem a pressão de voltar a ser o fenômeno de outros tempos, deverá realizar seu sonho de vestir a camisa do Flamengo, receber todo o carinho da massa rubro-negra e ter uma despedida à altura do centroavante mais fantástico que já pisou nos gramados de Belo Horizonte, Eindhoven, Barcelona, Milão e de Madrid.
Bravo, Guga. Viva Ronaldo!
3 comentários:
Bem que eles podiam abrir uma ONG juntos...
Carlton,
Bela mensagem, muito humana. Guga e Ronaldinho merecem!!
2 caras que têm meu respeito. Boa, Carl!
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