Requentar é viver: Tio Melão e Tia Dalva na terra dos E.M.O.'s
ENTRE RAZÕES e emoções, a saída é o Ipod mesmo. Ô meu pai! Toda vez que sintonizo o rádio, seja em qual estação for, escuto as razões, emoções, perdas, confissões e outros versos choramingados por uma das bandas produzidas pelo midas do pop, Rick Bonadio. Todos dizendo a mesma coisa: você vai voltar, sempre vou te esperar, queria te esquecer, sem você não dá, dentre outras pérolas da onda emo que vem fazendo a cabeça da molecada.
Eu poderia seguir em frente detonando sem piedade as franjinhas, calças justas, sombras nos olhos e outras manias ridículas dos sentimentalóides, mas hoje entrei aqui para falar sobre outro assunto: os nomes das bandas.
É curioso como a falta de criatividade nas composições acompanha a hora da escolha do nome do grupo. Até o começo dos anos 90, com destaque para a geração dourada do final dos 70's e 80's, as paradas de sucesso tocavam Os Paralamas do Sucesso, Engenheiros do Hawaii, Biquíni Cavadão, Ultraje a Rigor, Titãs, e, lustrando um pouco a vitrola, Novos Baianos, Secos & Molhados e Os Mutantes. Bandas que tinham algo a dizer, e faziam de suas letras mais do que pretextos para chegar a um refrão grudento e repleto de verbos no infinitivo.
Agora, a coisa virou do avesso. Quem aparece nos programas de auditório, clipes e vitrines das lojas de CD são siglas e trocadilhos infames, tão vazios no repertório quanto em seu nome. CPM 22, NX Zero, Hateen, Tihuana, Moptop, KLB: pegue todas as letras e tente formar uma palavra com algum sentido. Se conseguir, mande pra mim - te dou um CDzaço autografado pelo 'Forfun', que tal?
O buraco negro imaginário em que caíram essas bandas não se restringe ao pop/rock. Ele passa pelos redutos de samba e pagode, e atinge até as duplas sertanejas. Ou vai dizer que Bruno & Marrone, Edson & Hudon, César Menoti & Fabiano e Marlon & Maicon servem ao menos para carregar a viola de Zé Rico & Milionário, Tião Carreiro & Pardinho ou Rio Negro & Solimões?
Agora, a coisa virou do avesso. Quem aparece nos programas de auditório, clipes e vitrines das lojas de CD são siglas e trocadilhos infames, tão vazios no repertório quanto em seu nome. CPM 22, NX Zero, Hateen, Tihuana, Moptop, KLB: pegue todas as letras e tente formar uma palavra com algum sentido. Se conseguir, mande pra mim - te dou um CDzaço autografado pelo 'Forfun', que tal?
O buraco negro imaginário em que caíram essas bandas não se restringe ao pop/rock. Ele passa pelos redutos de samba e pagode, e atinge até as duplas sertanejas. Ou vai dizer que Bruno & Marrone, Edson & Hudon, César Menoti & Fabiano e Marlon & Maicon servem ao menos para carregar a viola de Zé Rico & Milionário, Tião Carreiro & Pardinho ou Rio Negro & Solimões?
Nem aqui, nem em Barretos! E que dirá em São João do Piritinga, onde os sertanejos de verdade dão risada das coreografias dos cowboys genéricos, enquantam pigarreiam e enrolam outro cigarro de palha.
A frutífera reflexão acima me levou ao funesto poeminha abaixo, um lamento para os anti-siglas e um singelo sinto muito pr'aqueles que engolem a seco os jabás do circuitinho:
A Serelepe e o Melão
No Fundo do meu Quintal
meu tio Melão curtia uma Garoa
ao som dos bons e velhos Demônios,
sempre com uma rima inusitada
debaixo do pandeiro, numa boa.
Enquanto isso,
a voluntariosa tia Dalva
preparava o Mocotó
e seguia atrás do Trio
Mascando Chiclete
e descascando a Banana alheia,
sem-vergonha que só.
O Chiclete e a Banana
parecem não perder o embalo,
mas agora quem os acompanha
nos palcos, eu vos falo:
atendem por Sorriso Maroto,
Doce Encontro,
Refla e Kiloucura.
Nos novos tempos,
Tio Melão se deu mal, coitado!
Descobriu o cri-crí
e entrou para a igreja
de Marcelo, o abençoado
Já Tia Dalva, a serelepe
passou a fazer chapinha
virou adepta do espartilho e da sainha
e foi curtir o show do Jeito Moleque!
6 comentários:
adorei o texto! nao podemos esquecer q as raves e micaretas tomaram conta do q antes eram chamadas "canções de protesto" os jovens hj nao pensam nisso
bjo re
Meu, eu queria ter essa imaginação mirabolante que vc tem Rezão!!!
CDzaço autografado pelo Forfun é foda! rs rs rs
Abraços seu loko
Informamos que o texto em voga é de autoria de John Calzonne.
Lá vou eu defender o indefensável, mas Moptop é o nome do penteado que se usava lá pelo começo dos anos 60, tendo sob suas franjas gente do naipe dos... Beatles.
E eu vou dizer, eu não gosto de um monte de coisa, mas sempre parto do princípio que, se aquilo é bom pra alguém, é bom e acabou. Mas o emo me dá asco. E não me refiro ao emo lifestyle, falo das músicas mesmo, deus me livre.
O.o
Já leu 1968- o que fizemos de nós??
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