11 de jul. de 2008

Ó pra você!



"Antes de embarcar, deixe as pessoas saírem"

A esclarecedora frase acima pode ser encontrada nas estações de metrô mais movimentadas de São Paulo, colada junto àquela linha amarela que nem os malas do Hare Krishna respeitam. O fato de ela estar lá é tão absurdo quanto o empurra-empurra que acontece segundos após o motorista anunciar a estação vindoura. Ô meu pai! Será possível que quem tá do lado de fora não tem o mínimo de seligol pra pereceber que tem gente que precisa desembarcar? Santo egoísmo!

Este é apenas um dos vários exemplos da pane geral que tomou conta da educação do povo brasileiro. Dia desses, também no metrô, uma cena inusitada me deixou b-e-s-t-a. Uma periguetezinha toda emperiquitada, meio que a contragosto, levantou de seu banco para dar lugar a uma senhorinha de mil novecentos e preto-e-branco. Muito cordata, ela agradeceu com um gesto de cabeça, e quando fez o movimento para abundar, um desgraçado tomou-lhe a frente e sentou primeiro. Tive vontade de tirá-lo de lá a tapas, mas era a minha estação e eu estava atrasada para minha aula de pilates.

Noutra ida, um ceguinho de meia-idade preparava-se para a aventura de atravessar sozinho uma baita avenida. Preparou o terreno, apontou a bengala e foi. Quando chegou na metade do caminho, o farol da avenida abriu. Em mais quatro ou cinco segundos o ceguinho alcançaria o outro lado - tempo demais para o stress da cidade grande. Um a um, os carros começaram a businar, e só pararam quando o pobre homem encostou a bengala na calçada. Parece mentira, né?

No Dia dos Namorados, enquanto tomava meu toddynho de fim de tarde, presenciei o encontro de um casal. Ele chega, ela já está lá. Ele saca as flores escondidas nas costas, ela o encara desconfiada. Ele escolhe as palavras com cuidado, ela dispara meia dúzia de impropérios, atira as flores no chão e sai andando. Ele faz menção de ir atrás, mas muda de idéia no caminho, dá meia-volta e desaparece na multidão. Ela já sumiu faz tempo - mas as flores não. As flores ficaram lá, largadas, pisoteadas e esquecidas, se misturando aos chicletes e bitucas de cigarro que as pessoas 'deixam cair' dos carros, ônibus e faróis atravessados.

Essas e (muitas) outras me fazem pensar em como regredimos no quesito bons modos. O que aconteceu com o 'saúde', depois do espirro? Onde foi parar o 'com licença', abreviado no limite da preguiça para 'cença', que mais parece um resmungo? Cadê os aplausos depois de uma música bem interpretada, um número bem executado, um discurso inflamado?

Do jeito que está, daqui a pouco vão colocar uma faixa junto às portas do metrô, do lado de dentro do trem:

"Se não der para sair nessa, relaxe. Quem sabe na próxima você não consegue?"



4 comentários:

Anônimo disse...

O último que sair que apague a luz.

Anônimo disse...

TODDYNHOSSSSSSSSSS!

Oz Krepski disse...

mas o pior é quando pede pra alguém que está no banco para idoso sair pra um idoso sentar e o vechio diz que não precisa pq o jovem no banco está cansado...aaa vá pá....

é mano..é um rebosteio total...

abrassss

Anônimo disse...

Por isso que continuo com minha campanha:

BICICLETAS JÁ!!!

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