10 de out. de 2008

Requentar é viver: Nossa vida drive-thru



Nossa vida drive-thru



ESSE ANO ESTÁ passando tão rápido e as coisas estão acontecendo com tamanha velocidade, que resolvi tomar uma atitude: mesmo não botando muita fé nos astros, fui perguntar pro astrólogo aqui da minha cidade o que está se passando. "O mundo está girando mais depressa, rapaz. Cada ciclo que passa fica mais veloz, e a Terra, como todos os outros planetas, segue a lei do cosmos". Fiquei atônito e um pouco descrente com a cósmica explicação. Ciência, enrolação ou balela, não me dei por satisfeito e passei a refletir sobre os estranhos acontecimentos dos últimos meses.

Alguém reparou que as aulas e os desenhos na TV estão mais curtos, os lanches do Mc Donald's, Sonhos de Valsa e Donuts estão menores, e que todos os Noéis resolveram chegar esse ano para dar presente de Dia das Crianças? São sinais. Até meu primo Tonho, que chupava cana e embaralhava as peças do dominó enquanto contava as estrelas cadentes no rancho, anda estressado. Assim como ele, milhões de pessoas estão impacientes... porque têm pressa. Pressa para chegar, para voltar, pressa para comer, para ganhar, pressa para amar, para gozar, para terminar uma frase e dar o bendito ponto final. Ufa, acabou!

Essa vida drive-thru, que faz a festa dos fast-food, das engenhocas eletrônicas e das Fininvests da vida, acaba por contrastar adultos de 18 anos com adolescentes de 40. Estes, de copo cheio e sono pesado, insistem em buscar a infância perdida e prolongar os momentos de prazer instantâneo; aqueles, em dia com as obrigações e de sorriso contido, não vêem a hora de ganharem a corrida para subirem ao pódium e estourarem a champagne da vitória.

Academias, hora-extra, email, torpedo, Messenger, curso intensivo, lipoaspiração, redução de estômago, silicone, vaselina, cocaína, cafeína, anfetamina, êxtase, guerras. Os aliados da pressa têm variadas formas e estão por todos os lados. Quando piscamos, já se transformaram em chips que entram em nossa memória por osmose, engatando a quinta marcha quando ainda estamos em plena subida.

Duvida? Então experimente cair na zona, seguir seu horóscopo, prestar atenção nos juros maquiados, nos tapinhas nas costas, nas risadas virtuais e no sabor do lanche que vem no saco de padaria, com catchup de saquinho e refrigerante de máquina. Podem até ser atraentes e trazer uma satisfação imediata. Mas, quando você fizer a digestão, certamente vai querer seu
dinheiro de volta. Assim como eu quero os meus desenhos.



5 comentários:

Anônimo disse...

Você tem toda razão John... Vc acredita que agora eu mal tenho tempo de arrumar meu cabelo e me maquiar pra ir a escola?!

Anônimo disse...

Ótima a expressão "vida drive thru"! Muito criativo e real. Com a minha idade, parece que o Natal de 2006 foi anteontem.

Anônimo disse...

Eu tb quero meus desenhos de volta!! O que aconteceu com os Ducktales e com a Esquadrilha Parafuso?!?

Onde foram parar?????

Bjo,
VM

d. disse...

Desenhos? Alguém aí sabe onde foi parar A NOSSA TURMA? E Punk, a levada da breca?
shauhsuahsuahs

Mas a vida é uma correria mesmo. Td passa muito rápido, eu mal tenho tempo pra poder comentar em todos os blogs de minha *listinha*!


=/

Anônimo disse...

Se minha vida é drive-thru, me vê uma fritas gigante e um nuggets de 12, faizfavô.

Sundae com cobertura extra como sobremesa? Acompanha.

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