NÃO ADIANTA FINGIR, negar ou camuflar com um sorrisinho posado. Se você vive em uma megalópole como São Paulo, Rio de Janeiro, Tóquio ou Nova Piri-Pirí, seu nível de stress provavelmente não mora com as topeiras, texugos e tatus. O vuco-vuco do dia-a-dia exige um preparo físico e mental de monges halterofilistas, e ao final de um ano a sensação que temos é que curtimos no máximo 1 mês, e envelhecemos 30.
Por isso, proponho a você merecidas férias. 30 dias no Havaí curtindo a brisa do mar, os drinks exóticos e as dancinhas do acasalamento que só fazem sentido quando se tem um colar de flores no pescoço. Que talz?
Hmmmm, 'quem sabe um dia', né? Imaginei. Bem, enquanto você faz seus planos de quem sabe um dia conhecer a abençoada terra de Lilo & Stitch, trago aqui, em 21ª mão, o que tem de melhor nos violões, banjos e bongôs ula-ula. Cinco artistas talentosos, versáteis e que vão, como num passe de mágica, transportá-lo à crista das mais fantásticas ondas que povoam seus sonhos ensolarados.
Começo a viagem pelo mais famoso de todos, que até em turnê pelo Brasil esteve recentemente. Jack Hody Johnson nasceu na famosa Honolulu, à sombra dos coqueiros frutíferos que balançam com a brisa além-mar. Dividido entre a paixão pelo surf e pelo violão, começou a compor aos 14, influenciado por Cat Stevens e Bob Marley.
Aos 26 anos lançou sem muito estardalhaço seu 1º CD, apostando na fórmula vencedora da dupla violão + bongô. Dois anos depois lançou o clássico da surf music 'On and On', que lhe rendeu fãs que sequer sabiam para que serve uma parafina. Daí em diante engrenou de vez, passou a fazer turnês mundiais e enfileirou hits como "Siting, Waiting, Wishing",
"Taylor", "Better Together" e "Upside Down".
Apesar da pegada havaiana,
Matthew Albert
Costa é californiano. Dono de um estilo peculiar, excêntrico e muito alegre, o cantor começou a compor cedo, e não demorou a frequentar as rodinhas dos ases da surf music. Numa dessas ficou amigo de JJ, que virou seu fã e o convidou para
as orgias ula-ula abrir seus shows.
Carismático, logo passou a ter seus próprios espetáculos, e em 2005 lançou o excelente 'Songs we Sing', de forma independente. Lá está boa parte de seus clássicos, como "Behind the Moon",
"Cold December" e "Oh Dear". Mas foi no seu segundo álbum, 'Unfamiliar faces' (2008), que Costa encontrou a levada pop que marcaria seu estilo dali em diante.
Quem olha de soslaio para
Donavon Frankenheiter pensa estar se deparando com uma variação genética do ilustre salva-vidas Thunder. Garoto-propaganda da Billabong, caiu no mar logo aos 13. Dono de rara habilidade com a prancha, mudou-se para o Havaí antes de completar 18. No intervalo de uma vaca e outra, conheceu - imagine você - Jack Johnson, de quem se tornou amigo de ondas e luaus (luais?).
Ao contrário de JJ (com quem lançou o ótimo CD 'Some live songs'), Donavon começou com uma pegada mais clássica, e aos 24 formou a Sunchild, uma banda de rock estilo Black Crowes com mais dois amigos locais. 3 CD's depois decidiu partir para a carreira solo, onde se encontrou definitivamente. Bigodão no microfone e violão a tira-colo, apostou em um som mais intimista, que rendeu preciosos rebentos como "Butterfly", "Free", "On my mind" e
"Call me Papa".
Hoje, aos 36 anos, saboreia os frutos de seu 8º e mais festejado álbum, enquanto seleciona, com piscadelas teleguiadas, as pitchulas da platéia que merecem um autógrafo com dedicatória.
Com cara de criança e pose de Justin dos trópicos,
Jason Thomas
Mraz é o mais eclético do quinteto. Com influências que passeiam entre os antros do pop, rock, folk, jazz, country e hip hop, o queridinho das teens americanas, européias e orientais já dividiu o palco com lendas como Stones, Dylan, Dave Matthews Band e Alanis Morissette. Dono de voz e violão adocicados, está sempre bem acompanhado por talentosos percussionistas e por seu indefectível chapeuzinho no melhor estilo Falamansa.
Para constatar o pedigree do rapaz, basta uma breve passadela pela apaixonante
"I'm Yours", música que lhe rendeu o 1º lugar em todas as paradas dos 3 continentes acima da linha do Equador. Uma caixa de paçoca como até o fim do dia você vai estar assoviando a masterpiece de Sir Jay Mraz.
Israel Kamakawiwo Ole, ou simplesmente bruddah Iz, foi o maior de todo o quinteto. Com 343 quilos, virou o homem mais popular de Honolulu graças ao seu jeitão carismático e o talento com o ukelele, instrumento de 4 cordas que está ali na linha que separa o violão e o cavaquinho. Defensor do direito dos havaianos, sempre trouxe temas patrióticos e de raiz aos seus trabalhos, o que lhe rendeu muitos fãs e admiradores em sua terra natal.
É curioso imaginar que um ser do tamanho de Iz pudesse ter uma voz tão doce. Fui descobri-lo quando assisti à comédiazinha romântica 'Como se fosse a 1ª vez' ('50 first dates'), aquela que a Drew Barrymore perde a memória toda hora, fazendo com que o Adam Sandler tenha que reconquistá-la a cada dia. É dele a voz que canta, como uma brisa de positive vibrations soprando em seu rosto, a atemporal "Somewhere over the rainbow", música-tema do Mágico de Oz.
Aos 38 anos (1997), o mágico Iz faleceu de problemas respiratórios causados por seu excesso de peso. Mas sua música continua a encantar a todos que um dia compartilharam de suas causas, riram de seu jeitão peculiar ou simplesmente o assistiram, admirados, na telinha do Youtube.
Aloha!