MICHAEL JACKSON'S DEAD. Parece que teve uma parada cardíaca e não resistiu. Bem, ao menos é o que os blogs e sites gringos divulgavam aos 4 ventos no fim de tarde dessa quinta, mesmo sem o veredicto final dos médicos. Instantes depois, os ratos de twitter reverberaram a notícia, e os grandes portais deram seu carimbo. Uma bomba. Um dinamite. Um míssel, que pegou todo o mundo desprevenido.
Não que Michael estivesse no auge, longe disso. Há tempos ele vivia de planos (não realizados), lembranças (distantes) e escândalos estéticos e sexuais.
Minha relação com o rei do pop sempre foi curiosa. Fui conhecê-lo nas salas de cinema, quando mamãe me levou para ver Free Willy. Aquela orca voando sobre os ombros do moleque ao som de 'Will you be there' certamente integra o TOP5 dos momentos inesquecíveis da minha infância. Gostei tanto da história que fui correndo atrás do último K7 dele, o excelente 'Dangerous'.
Dias depois, meu tio ganhou meia dúzia de ingressos para assistir ao show de Michael Jackson no Morumbi. É claro que, mesmo pivete, eu dei um jeito de ir. E tive naquela tarde de domingo, junto daqueles 65 mil privilegiados, mais um momento de glória para meu TOP5.
Ao contrário da maioria da galera, eu tava pouco me lixando para o fato de ele não ter dado o bis: o domínio de palco, o chapéu de lado e os passinhos para trás já eram mais que suficientes para deixar meu dia feliz. Ao analisar em câmera lenta seus movimentos leves e mágicos, me veio à cabeça a imagem do Peter Pan. Teve uma hora que ele até saiu voando! Para mim, aos 9 anos, Michael Jackson era um verdadeiro herói.
A década de 90 de fato foi uma época gloriosa para Michael. Nesses anos, ele vendeu a maior parte de seus 750 milhões de discos, se casou com Lisa Marie Presley e montou residência no rancho de Neverland, a ilha da Fantasia onde criava leões, elefantes, girafas, macacos e marsupiais (pode procurar no google, eu espero).
Fez turnês pelo mundo inteiro, gravou videoclipes memoráveis, participou de dezenas de projetos de caridade e... abusou sexualmente de um garotinho de 13 anos.
Não sei bem se foi esse o divisor de águas na vida do pop star, mas fato é que a partir daí a coisa começou a mudar de figura. O cantor que irradiava alegria e luz nos palcos aos poucos foi vendo seu céu de brigadeiro afundar nas trevas.
O casamento com a filha de Elvis ruiu, assim como ruiu seu carisma e seu nariz. Cada vez mais branco, endividado e cadavérico, Michael foi se isolando a ponto de ficar somente com seus filhos e empregados mais fiéis.
Egocêntrico a ponto de dar aos 3 rebentos seu próprio nome (Michael Joseph Jackson Jr., Paris Michael Katherine Jackson e Prince Michael Jackson II), Michael perdeu o chão e desabou em uma depressão profunda. Deixou de trabalhar no que sabia fazer de melhor e, com suas seguidas aparições nonsense, passou a integrar o clã dos artistas bizarros.
Na última vez que vi uma foto sua, ele tava parecendo o Mun-Rá. De capuz na cabeça, sem expressão alguma e com um buraco no lugar do que um dia foi um nariz. Usava também óculos escuros, muitos agasalhos e um cachecol. Não sei se fazia muito frio, ou se queria apenas passar despercebido por aquela multidão, tanta gente que um dia o idolatrara. Não, aquele não era o Michael Jackson que eu conhecia. Onde raios foi parar o carisma, os passinhos, o chapéu, a luva de uma mão só?
E foi assim, sem conhecer o fantasma que assombrava sua vida e sem entender o motivo de sua angústia, que me despedi de um dos meus maiores ídolos. Pena que, depois de tanto fazer pela música e pela cultura pop, o que acabou ficando foram as piadinhas prontas e infames.
Deixa eles, Michael. Pra mim, você vai ser sempre o cara que fez aquela baleia voar e voltar para o mar.
Cara, que texto fantástico, que forma incrivel de entender uma pessoa que apesar de tudo foi um genio na musica, mas infelizmente derrubou o proprio castelo com as mãos, saiba que a baleia retornou ao mar e Michael retornou ao Pai!!!
Que lindoo! Eu acho q a gente só faz piadinhas sem graça pra tentar enganar o coração e dizer que o cara que fez parte da trilha sonora da vida de tanta gente ainda está por aí, causando todas com a sua luvinha...
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11 comentários:
Parabéns pelo ótimo texto. Mandou bem demais.
Parabéns,texto realmente muito bom.E entre polêmicas ele nos deixou,mas acima das polemicas estão seus feitos memoraveis musicalmente
Muito bom, Benja. God bless Michael (2)!!!
"Pra mim, você vai ser sempre o cara que fez aquela baleia voar e voltar para o mar."
God bless you, Michael! (3)
Que fofo! O final do seu texto foi muito bonito!
Cara, que texto fantástico, que forma incrivel de entender uma pessoa que apesar de tudo foi um genio na musica, mas infelizmente derrubou o proprio castelo com as mãos, saiba que a baleia retornou ao mar e Michael retornou ao Pai!!!
Que lindoo! Eu acho q a gente só faz piadinhas sem graça pra tentar enganar o coração e dizer que o cara que fez parte da trilha sonora da vida de tanta gente ainda está por aí, causando todas com a sua luvinha...
mano, ele não abusou de ninguém, ele foi abusado! a vítima é ele.
mas é isso ae, ele é um Deus, boas lembranças!! abrass
Michael ídolo eterno! Descanse em paz....
Lindo texto :)
Adoreeeei, BJ
parabéns pelo texto e um parabéns maior ainda pela última frase.
Bjs
Cadê o texto sobre "a era do gelo 3"?? Assistiu 1 vez e meia e não escreveu aindaaaa
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