Acho isso uma falta de sacanagem.
VOCÊ PODE AINDA NÃO TER ouvido falar no Happy Rock, mas certamente já viu em alguma revista, site ou tela de Youtube alguns de seus coloridos representantes. São aquelas bandinhas formadas por (pré)adolescentes
Sim, são eles a piscina de bolinhas da vez do cenário musical nacional, milimetricamente controlado pelos midas da música e suas gravadoras e distribuidoras. Pergunte a qualquer menina que tenha mais de 8 e menos de 18 quais são suas bandas prediletas. 9 entre 10 vão responder, com aquele jeeeito de falaaar meio fââânho e um sorrisinho tímido: Cine e/ou Restart. A que sobrou ou vai nos genéricos Replace ou Rezet (juro que não é zoeira), ou então é aquela gordinha metaleira que salva a classe.
Aí você pensa: como diabos fomos chegar a esse ponto?
Vou tentar explicar traçando uma linha do tempo involutiva da música pop nacional. Vem comigo!
O berço do Happy Rock está nas bandas teen dos anos 80, como Dominó e Polegar - estes, por sua vez, uma cópia nacional do eterno Menudo. Se a cada vez que escuta "aposto um beijo que você me quer" você quer arrancar os cabelos, culpe o Rafael Ilha, Conrado, Ricky e cia.
Depois dos rebolativos pioneiros, vieram tentativas mal-sucedidas no mainstream como Twister e KLB, caça-níqueis descarados e cópias baratas dos gringos Backstreet Boys, N'SYNC e Five. Foram eles os grandes responsáveis pela voz abafada e refrões com taxa de glicose proibitiva para diabéticos.
Na sequência vieram bandas que buscaram colocar uma gota de atitude nesse oceano de lamúrias. Mesmo que sejam alunos da escola emo, CPM 22, NX Zero e Fresno - versões nacionais de Blink182, My Chemical Romance e Simple Plan - ao menos passaram a usar amplificadores e deixaram as dancinhas de lado. Aqui entre nós, uma grande conquista.
Com a onda gay/nerd/geek/weirdo que invadiu o planeta nos últimos anos (alô, Jonas Brothers!), tivemos uma transformação no chassi das bandinhas adolescentes. Atenção para a alteração: saem os cabelos espetados, maquiagem nos olhos, razões e emoções e entram as roupas coloridas, a postura pseudo-introspectiva e as letras alto-astral, que invariavelmente falam sobre aquele encontro no ____________ (shopping, clube, condomínio, whatever).
Tudo assim: sem muito nexo, propósito ou sentido. Assim como é sua legião de fãs, que ao se verem do lado de fora de um show choram e prometem tomar uma atitude drástica - pelo Twitter, claro.
Pois é pessoal, esse é o Happy Rock, a nova tendêêêência da música pop nacional. Pode não ser lá uma Brastemp - mas pelo menos fazem o favor de deixar talentos-prodígio como Felipe Dylon e Mallu Magalhães lá no fundão da geladeira.
Dizae, molecada!